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Programa que distribui remédios está presente em 16% das farmácias de MS

Há 22 anos, Eladia Franco retira seu remédio para pressão alta pelo programa Farmácia Popular

Há 22 anos, Eladia Franco retira seu remédio para pressão alta pelo programa Farmácia Popular – Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

 

O programa Farmácia Popular, serviço que garante medicação gratuita ou mais barata à população de todo o País, está presente em apenas 16% das farmácias de Mato Grosso do Sul.

Relançado pelo governo federal em 2023, atualmente, é oferecido em apenas 419 das 2.546 farmácias de Mato Grosso do Sul, de acordo com dados do Ministério da Saúde repassados ao Correio do Estado.

A iniciativa, porém, está ausente em 14% dos municípios do Brasil. Ou seja, está presente em apenas 759 cidades do total de 5.570. Em Mato Grosso do Sul, o programa está presente em 70 dos 79 municípios.

As cidades que não tem o programa no Estado são: Corguinho, Coronel Sapucaia, Figueirão, Japorã, Jaraguari, Jateí, Ladário, Paraíso das Águas e Terenos.

Em junho de 2023, o programa passou a ser ofertado para os 55 milhões de beneficiários do Bolsa Família. Ao todo, o serviço oferta 41 itens, entre remédios, fraldas e absorventes, distribuídos por meio de parcerias com farmácias da rede privada.

À época de seu relançamento, o programa tinha a expectativa de contemplar 5.207 municípios do País, porcentual equivalente a 93% do território nacional.

PROGRAMA

Criado em 2004, o programa de atenção à saúde primária cresceu majoritariamente durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2011 e 2014, período com 17.580 estabelecimentos credenciados, conforme matéria da Folha de São Paulo.

O número de adptos praticamente não cresceu entre os governos de Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL).

A presidente do Conselho Regional de Farmácia em Mato Grosso do Sul (CRF-MS), Daniely Proença dos Santos, destacou ao Correio do Estado que o programa é fundamental para garantir que parte da população tenha acesso a medicamentos essenciais oferecidos em programas de saúde, bem como para acessá-los a partir das parcerias entre governo federal e as farmácias e drogarias da iniciativa privada, sem precisar se deslocar até o posto de saúde.

FALTA DE INFORMAÇÃO

Daniely declarou que, apesar da oferta, muitos idosos deixam de conseguir o medicamento mais barato ou de forma gratuita por falta de informação ou mesmo por questões burocráticas.

“Quando conversamos com os farmacêuticos, ouvimos que muitas pessoas deixam de receber o serviço [mais barato] por burocracia, demora de atendimento ou mesmo por não ter as informações necessárias. Se o cliente vai até a farmácia e encontra o medicamento com valor acessível, não vai atrás dessa informação”, disse a presidente do CRF-MS.

Questionada sobre o número de farmácias credenciadas junto à Farmácia Popular em MS, Daniely disse que a adesão à modalidade de atendimento está a cargo dos donos das farmácias, que, segundo ela, por vezes, veem-se prejudicados ao entrarem no programa.

“O dono da farmácia faz o cadastro e adere ao Farmácia Popular. Em contrapartida, recebe [do governo federal] parte do valor sobre cada medicamento. Compra um dipirona a R$ 1,99 e recebe R$ 0,60. Por vezes, se veem prejudicados, fizeram esse cálculo”, falou a presidente do CRF-MS.

Daniely destacou que, ao longo dos anos, muitos estabelecimentos deixaram de participar do programa, por conta da falta de atenção do poder público em relação às suas vantagens e desvantagens, sobretudo no valor oferecido como reembolso aos medicamentos dispensados e à demora no recebimento desse valor.

QUEM PRECISA

Natural de Porto Murtinho e moradora de Campo Grande, há pelo menos 22 anos a balconista aposentada Eladia Franco, de 72 anos, faz uso de medicação contínua para controlar a pressão alta. O remédio é retirado por meio do programa Farmácia Popular.

Ao Correio do Estado, ela afirmou que garante o medicamento por meio de acompanhamento cardiológico semestral, o que permite a retirada do remédio de forma gratuita na farmácia mais próxima de sua casa, no Jardim Panamá.

“Durante todo esse tempo, eu nunca tive problema para fazer a retirada do meu remédio. A gente vai ficando idoso, meio ‘tan-tan’, mas ninguém que eu conheço já foi ludibriado ou não conseguiu retirar a medicação que precisava”, declarou a aposentada.

Além da pressão alta, Eladia gasta cerca de R$ 250 por mês com outros dois medicamentos que a ajudam a controlar problemas cardiovasculares e o colesterol.

Ela disse que, apesar do alívio na conta, ao longo dos anos, o gasto com a compra de medicamentos só cresceu.

“Minha sorte é que a minha aposentadoria subiu para R$ 1,5 mil. Às vezes você precisa de um remédio específico e paga R$ 300. Como que um aposentado vive? Além disso, você vai no posto de saúde e não acha nada”, reclamou Eladia.

Correio do Estado