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CHURRASCARIA

Falso advogado já foi preso até no Fórum e cumpriu penas, mas ainda faz vítimas em Campo Grande

Gerson Garcia da Silva, 68 anos, se apresenta e atua como advogado em várias cidades de Mato Grosso do Sul. No entanto, ele não tem registro profissional em nenhuma seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, algo obritatório. Em seu ”currículo”, constam  três condenações, sendo uma por falsificar documentos até do Tribunal de Justiça de São Paulo.

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A ficha criminal de Gerson é extensa. Tudo começou na década de 90, quando ele se divorciava da então mulher e ela foi à polícia denunciar os ”podres” dele. Na ocasião, ação penal comprovou que ele falsificava carimbos para requerer aposentadorias de trabalhadores rurais  e usou até o nome de um promotor de Justiça que não existia, José Eduardo M. Rodrigues.

Neste caso, uma idosa teve prejuízo de 75 mil cruzeiros e o serviço não foi prestado. Ela o procurou, mas não conseguiu mais contato. Por esse crime, ocorrido em setembro de 1994, Gerson pegou pena três anos de prisão, que foram convertidas em prestação de serviços comunitários na então Cruz Vermelha da Capital.

O ”advogado”, que hoje atua com uma inscrição da OAB-SP inativa, já que pertencia a uma profissional que hoje atua no estado do Paraná, não parou de cometer crimes, mesmo com uma ”condenação nas costas”.

Gerson insiste que não advoga, mas já foi preso dentro do Fórum. (Foto: Wesley Ortiz)

Em 2003, ele foi cobrado judicialmente por pensão alimentícia, de uma filha que morava no estado de São Paulo. Conforme o processo, ele um advogado dele falsificaram uma decisão judicial da 8ª Câmara de Direito Privado do TJSP,  para livrá-lo de pagar os valores devidos.

Como havia duas decisões da Corte, uma contrária à outra, o Tribunal descobriu a fraude, inclusive com falsificação de assinatura de um de seus desembargadores. O crime foi então denunciado. Por mais esta ação criminosa, Garcia foi condenado e cumpriu pena na então Colônia Penal Agrícola em Campo Grande, hoje Centro Penal Agro Industrial Gameleira.

Em 2005, a própria Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul noticiou que Gerson Garcia foi preso em flagrante pela Polícia Civil, por se passar por advogado, enquanto aguardava um processo dentro do Fórum da Capital. Ele foi denunciado e o processo está em fase de recurso.

Ironia do destino

Em 2012, Garcia chegou a defender um policial militar, acusado de estelionato, em uma ação do Ministério Público Estadual de Aquidauana. Neste e em outros processos que aparece como advogado, o nome do ”doutor” aparece apenas Gerson Garcia e não o nome completo, Gerson Garcia da Silva.

Até hoje, Gerson tem clientes em Campo Grande, em escritório que fica na rua 26 de Agosto. No site do Tribunal de Justiça constam processos nos quais ele figura como advogado em Aquidauana, sua terra natal, Anastácio, Bandeirantes, Bonito e Eldorado. Em um dos mais recentes, de 2018, Garcia defendeu um grupo de pessoas que pedia reintegração de posse em uma área no Jardim Colúmbia.

A OAB-MS foi consultada e constatou que não há registro profissional do ”advogado” em MS. Também não há inscrição suplementar, caso ele fosse de outro estado.

”Inocente”

Em resposta, Gerson disse não que advoga em hipótese nenhuma e simplesmente mantém um escritório de advocacia na rua 26 de Agosto porque é pecuarista e morreria de tédio se ficasse em casa sem fazer nada.

”Quando o caso chega aqui eu passo para outros colegas, eu não advogo”, sustenta o pecuarista. Ele disse que o fato do seu nome aparecer em procurações dos processos não tem nada a ver.

Documento da Justiça mostra que Gerson foi em audiência como advogado. (Foto: Reprodução TJMS)

No entanto, em consulta no sistema da Justiça, consta que ele, inclusive, participava de audiências em diversas comarcas, sendo uma delas em 2017, em Anastácio, onde defendeu um militar do Exército acusado de estuprar uma criança na região.

Na parede de seu escritório, o homem ostenta diploma de bacharel em Direito. Disse também que não atua como advogado porque suas condenações na Justiça Federal por estelionato o impedem de retirar o certificado digital da OAB-MS.

Questionado sobre não ter inscrição na OAB em MS, ele primeiro disse que sua inscrição é em São Paulo, a 167 523 SP, mas está em outro nome por um ”erro” da OAB paulista.

Gerson reconheceu que teve diversas condenações, entre elas o caso da falsificação do documento do TJ em SP, que em sua versão, foi culpa de outra pessoa e ele pagou injustamente. Ele nega que foi preso dentro do Fórum de Campo Grande, conforme a OAB-MS noticiou.

 

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