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Pretos, velhinhos e doentes: os cães rejeitados na fila da adoção

filhotes abandonados que chegam ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura de São Paulo nem chegam a esquentar a coleira: são todos adotados quase que imediatamente.

Enquanto famílias vêm e vão levando seus novos bichinhos – filhotes claros, alegres e peludos – Plutão descansa o focinho grisalho nas patas, alheio ao movimento do outro lado da porta de vidro de seu canil.

Com 14 anos, glaucoma em seu único olho e começando a ficar surdo, Plutão reúne a maioria das características que dificultam as chances de um cão sem dono conseguir um lar: é preto, velhinho, doente e tem uma deficiência.

Manso e sociável, ele gosta de adultos e crianças e se dá bem com outros cães, mas está no CCZ há cinco anos sem conseguir agradar alguém o suficiente para ser levado para casa.

A vida de Plutão demonstra como funciona a fila da adoção: as pessoas têm necessidades e expectativas em relação aos bichos de estimação. Os que saem primeiro são os que se encaixam melhor nesse ideal de pet – em geral, quanto menor, mais jovem, mais claro e mais peludinho, maior a chance de arrumar um lar.

Com três patas, Ana ficou cinco anos no abrigo até ser adotada, em julho deste ano (Foto: BBC Brasil)Com três patas, Ana ficou cinco anos no abrigo até ser adotada, em julho deste ano (Foto: BBC Brasil)

Com três patas, Ana ficou cinco anos no abrigo até ser adotada, em julho deste ano (Foto: BBC Brasil)

“As pessoas vêm procurando filhotes”, diz o veterinário Rafael Birkeland Carvalho, um dos responsáveis pelo cuidado com os cães do CCZ.

No abrigo da prefeitura, os que ficam anos esperando por um lar – e muitas vezes acabam morrendo ali – são de porte grande ou velhinhos e doentes.

Muitos têm deficiência. Outra parte também apresenta problemas de comportamento: são agressivos ou desconfiados por terem sofrido traumas no passado.

Mas às vezes quem chega querendo um filhote acaba se apaixonando por um adulto.

“A melhor adoção que fiz foi de um pai que tinha um filho com deficiência e queria um filhote para lhe fazer companhia. Quando mostrei um adulto que tinha passado por uma operação e precisou retirar o pênis, ele quase chorou. Levou na hora”, diz Carvalho.

O veterinário conta que nos últimos tempos têm aparecido algumas pessoas interessadas em adotar os cães com deficiência.

“Às vezes chega gente com essa intenção de ajudar e leva os que têm deficiência. Mas os velhinhos continuam ficando para trás.”

“As pessoas esquecem das vantagens de adotar um cão adulto”, diz Mônica Di Ciomo, da ONG Adote um Focinho. Eles não choram durante a noite e se adaptam mais rapidamente aos costumes e regras da casa.

Os velhinhos, por sua vez, costumam latir menos. “Quando os cães idosos dão sorte de conseguir um lar, em geral são levados por pessoas mais velhas, que têm menos facilidade de brincar e levar para passear um cão jovem e cheio de energia”, explica o veterinário do CCZ.

Os pelos brancos entregam: Upi não é mais jovem (Foto: BBC Brasil)Os pelos brancos entregam: Upi não é mais jovem (Foto: BBC Brasil)

Os pelos brancos entregam: Upi não é mais jovem (Foto: BBC Brasil)