A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul negou, por unanimidade, recurso do advogado Rodrigo Souza e Silva, 30 anos. Com a decisão, o filho do governador Reinaldo Azambuja da Silva (PSDB) continua como réu como mandante do roubo da propina de R$ 300 mil destinada ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco, ocorrido em 27 de novembro de 2017.
O julgamento do embargo de declaração do primogênito tucano ocorreu na sessão do dia 22 de outubro deste ano, um mês após a turma ter aceito a denúncia. O relator foi o desembargador José Ale Ahmad Netto. Como o processo está em sigilo, não foi possível confirmar se o desembargador Jonas Hass da Silva Júnior e o juiz Waldir Marques também participaram desta votação.
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O fato dos julgamentos terem decisão unânime complica a situação de Rodrigo, porque a defesa fica com pouquíssimas opções de recurso. O advogado Gustavo Passarelli poderá ingressar com recurso especial para tentar anular a decisão no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Os promotores Adriano Lobo Viana de Resende, Marcos Alex Vera de Oliveira e Humberto Lapa Ferri pediram que a ação penal seja encaminhada para a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, onde o filho de Reinaldo será processado por roubo majorado.
A magistrada já conduz a ação penal contra os outros envolvidos no roubo, que são o primo do governador, o sargento da reserva da Polícia Militar, Hilarino Silva Ferreira, o Lino, 53, o despachante David Cloky Hoffmam Chita, 35, o pedreiro aposentado Luiz Carlos Vareiro, o Véio, 63, o músico Jozué Rodrigues das Neves, o Cézar Cantor, 43, Vinícius dos Santos Kreff, 26, Fábio Augusto de Andrade Monteiro, 25, e Jefferson Braga de Souza Júnior, o Neguinho.
Conforme a denúncia, Lino contratou o grupo a pedido de Rodrigo Souza e Silva para roubar a propina entregue a Polaco no estacionamento do Supermercado Comper da Rua Joaquim Murtinho. O dinheiro teria sido entregue ao comerciante Ademir Catafesta, de Aquidauana.
Em depoimento exibido pelo Fantástico, da TV Globo, Véio contou que o plano era matar Polaco, mas o corretor enviou um amigo para pegar a grana. Em despacho da Operação Vostok, o ministro Felix Fischer, do STJ, observou que o plano era matar Polaco para evitar delação premiada.
Em maio de 2017 surgiu o escândalo do pagamento de propina pela JBS ao tucano. Polaco seria um dos intermediadores do negócio e estava ameaçando fazer acordo com o Ministério Público para entregar provas contra a suposta organização criminosa.
Vareiro contou que o corretor de gado teve sorte duas vezes. Na primeira, ele teria desistido do plano de executá-lo porque Polaco estava com uma criança no veículo. O grupo iria simular acidente e jogar o carro fora da rodovia. Na segunda vez, Catafesta apareceu no lugar do corretor de gado.
Durante a defesa oral na 2ª Câmara Criminal, o advogado Gustavo Passarelli rechaçou as acusações e garantiu que não há prova contra Rodrigo de participação no roubo.
O MPE baseou em documentos, depoimentos e na quebra do sigilo telefônico. No dia da entrega da propina, há várias ligações do telefone de Lino para Polaco e Ademir Catafesta. O rastreamento do celular do sargento da PM mostra que ele saiu da empresa de Rodrigo para ir até o supermercado, onde imagens de segurança gravaram a entrega da propina.
O plano só não deu certo porque o Batalhão de Choque achou tratar-se de um simples roubo e prendeu o grupo envolvido no assalto a Catafesta. O comerciante registrou boletim de ocorrência para informar que o carro e R$ 9 mil tinham sido roubados.
O Governo do Estado não teria gostado da ação da polícia e exonerou o tenente-coronel Antônio Sá Braga do cargo de comandante das operações especiais da PM (veja aqui). Desde então, apesar da qualificação e participação até em cursos nos Estados Unidos, o oficial vem sendo preterido nas promoções como forma de punição por ter desvendado a história e levado à denúncia contra o filho do governador.
fonte ojacare.com.br