O Ministério da Saúde festejou, na semana passada, a habilitação de dois leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no ano passado em Mato Grosso do Sul, terra do ministro Luiz Henrique Mandetta. Só que o Hospital Santa Rosa, envolvido em escândalo de corrupção em Dourados e incluído no balanço, está fechado há nove anos.
Por outro lado, enquanto doentes morrem por falta de vaga nos centros de terapia intensiva, dez leitos de UTI novos seguem sem funcionar no Hospital do Trauma, inaugurado em março de 2018. As novas unidades aguardam há seis meses a habilitação da pasta comandada por Mandetta, que foi secretário municipal de Saúde de Campo Grande.
A história revelada pelo Campo Grande News mostra que a indicação de um sul-mato-grossense para o Ministério da Saúde não melhorou a situação do Estado em Brasília. Apesar do Ministério Público Federal ter ingressado até com ação na Justiça para cobrar a reativação dos leitos, a pasta informou, em nota sobre a abertura de novos leitos de UTIs no País, que não há nenhum pedido pendente de avaliação para habilitação no País.
“O Ministério da Saúde ampliou em 39% (1.424) o número de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), em relação a 2018, para atender casos mais graves de crianças e adultos nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Com a medida, foram zerados todos os pedidos de habilitação de leitos solicitados pelos estados em 2019, totalizando investimento de R$ 185,6 milhões”, anotou o órgão.
Dos 1.424 leitos no País, dois eram de Mato Grosso do Sul. Só que essas duas unidades festejadas por Mandetta eram do Hospital Santa Rosa, que fechou as portas em 2011. A Polícia Federal descobriu esquema de corrupção na unidade e levou ao rompimento do contrato com a prefeitura.
Por outro lado, dez leitos de UTI seguem desativados no Hospital do Trauma, administrado pela Santa Casa, desde que foram inaugurados em março de 2018. O novo centro chegou a funcionar na véspera da campanha eleitoral, mas acabou fechado por falta de recursos federais.
“Desde julho estamos tentando habilitar esses leitos de UTI adultos. Não estamos colocando pacientes porque os leitos não foram habilitados, dessa forma não recebemos”, lamentou o presidente da Associação Beneficente de Campo Grande, Escheu Nascimento (veja aqui). Até o MPF e o Ministério Público Estadual reforçaram o pedido.
Infelizmente, como tudo parece surreal e inacreditável na política brasileira, o ministério da Saúde celebrou a liberação de dois leitos em um hospital fechado por corrupção há nove anos, mas ignora a habilitação de dez na terra natal do ministro.
Mandetta conhece de perto a realidade do Hospital do Trauma, já que foi o idealizador da unidade quando era secretário municipal de Saúde na gestão do primo, o atual senador Nelsinho Trad (PSD).
O ministro acabou transformando o projeto de construir a maternidade em unidade voltada para atender vítimas de acidentes de trânsito na Capital em 2010. No início do ano passado, ele esteve no Hospital do Trauma para entregar um tomógrafo de R$ 1,3 milhão.
No entanto, a unidade segue funcionando parcialmente, com quase metade dos 100 leitos de enfermaria e os 10 de UTI fechados, por falta de repasse do ministério.
Após a repercussão da habilitação de apenas dois leitos em hospital fechado em Dourados, o Ministério da Saúde divulgou nota para “corrigir” a informação. A pasta informou ao Campo Grande News que foram inaugurados 29 leitos de UTI em MS no ano passado, sendo 17 no Hospital Universitário de Campo Grande, 10 no Hospital Regional de Ponta Porã e dois no estabelecimento da Cassems em Dourados.
Outro problema da gestão de Mandetta é o fornecimento da vacina pentavalente, que faz parte do calendário obrigatório de vacinação na rede pública, e está em falta desde julho do ano passado. Para desespero das mães e dos pais, o fornecimento vem sendo feito a conta gotas.
No entanto, como sempre sintonizados com a realidade brasileira, os deputados federais colocaram Mandetta como um dos melhores ministros nomeados por Jair Bolsonaro (sem partido). A avaliação foi divulgada pela revista Veja.
fonte ojacare.com.br