Lira tira PSDB da mesa da Câmara e pune Rose Modesto, que até cantou em culto de apoio
Bolsonaro festejou eleição de Lira no primeiro turno com 302 votos
O novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), anulou ato do antecessor, Rodrigo Maia (DEM), e excluiu os partidos adversários de cargos na Mesa Diretora. A decisão acabou punindo a deputada federal Rose Modesto (PSDB), que era a única candidata ao cargo de segunda secretária. O curioso é que a tucana, punida como primeiro ato, até tocou violão e cantou em um culto evangélico de apoio ao progressista.
Evangélica, Rose traiu o PSDB, que tinha fechado com o deputado Baleia Rossi (MDB), de São Paulo. O emedebista tinha o apoio de nove partidos, que incluía ainda o PT, PSB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede.
A deputada sul-mato-grossense vinha participando de almoços e outros eventos de apoio a Lira. O último foi um culto evangélico na casa do deputado em Brasília. O encontro causou polêmica porque houve aglomeração de deputados, que não usaram máscaras durante o culto. Rose também não seguiu as regras sanitárias para evitar a proliferação da covid-19.
Com o apoio ostensivo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Lira obteve 302 votos e ganhou no primeiro turno, humilhando Rodrigo Maia, que havia patrocinado a candidatura de Rossi. Nem o DEM, partido do deputado carioca, acatou sua orientação e acabou fechando com o candidato governista.
Eleito presidente, Arthur Lira desconsiderou o bloco de nove partidos formado por Maia e Baleia Rossi e ainda anulou a eleição para os demais cargos da Mesa Diretora. Rose Modesto era candidata única e foi indicada para a vaga do PSDB. O apoio a Lira dentro do ninho tucano teria sido comandado pelo ex-senador Aécio Neves, de Minas Gerais e uma penca de processos por corrupção e improbidade.
O resultado da votação ontem
- Arthur Lira (PP-AL): 302 votos
- Baleia Rossi (MDB-SP): 145 votos
- Fábio Ramalho (MDB-MG): 21 votos
- Luiza Erundina (PSOL-SP): 16 votos
- Marcel Van Hattem (Novo-RS): 13 votos
- André Janones (Avante-MG): 3 votos
- Kim Kataguiri (DEM-SP): 2 votos
- General Peternelli (PSL-SP): 1 voto
Os partidos e blocos deverão apresentar os seus candidatos até às 13h desta terça-feira (2). A eleição vai ocorrer a partir das 16h. A expectativa de Lira é indicar apenas os aliados para compor a Mesa Diretora da Câmara e punir os partidos adversários, como PT, MDB e PSDB. Ao mirar o PSDB, o presidente da Câmara vai punir a fiel aliada em Mato Grosso do Sul.
Aliás, não é a primeira vez que Rose Modesto trai a orientação do partido. Nas eleições do ano passado, ela ignorou a aliança do PSDB com o prefeito Marquinhos Trad (PSD) e apoiou a candidata a prefeita do Podemos, delegada Sidnéia Tobias. Ela ainda patrocinou as candidaturas a vereador da sigla, que garantiu três vagas na Câmara Municipal da Capital.
Até o momento, Rose não se manifestou sobre o ato de Arthur Lira.
Os partidos de oposição decidiram na madrugada de hoje ir ao Supremo Tribunal Federal contra o primeiro ato do presidente da Câmara. “Os partidos que se uniram em torno da defesa de uma Câmara livre e independente repudiam, com a mais intensa veemência, o ato autoritário, antirregimental e ilegal praticado pelo deputado Arthur Lira”, destacaram, em nota.