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O fim da cobrança extra da bandeira tarifária da escassez hídrica – que passa a ser bandeira verde – deveria dar ‘alívio’ de 20% na conta de luz, porém, a medida passará quase que batida para os sul-mato-grossenses atendidos pela Energisa. Isso porque a concessionária conseguiu aplicar reajuste de 18,16%.
Isso significa que a conta de luz de pouco mais de 1 milhão de unidades consumidoras em Mato Grosso do Sul terá redução inferior a 2% no valor da tarifa. E essa diminuição será temporária, uma vez que o país já passou pela época chuvosa e entrará em poucos meses no período de estiagem.
Algumas consultorias avaliam que a bandeira amarela deve ser praticada por alguns meses no segundo semestre para ‘compensar’ as perdas pela diminuição do volume de chuvas no inverno. Por esse cálculo, a redução imediata seria de apenas 12,5% num cenário sem reajuste da concessionária.
Entretanto, após pedido da Energisa ser homologado pela Aneel, os consumidores sul-mato-grossenses terão alta em média de 18,16%, suficiente para anular o benefício anunciado pelo governo federal até o fim do ano.
Apesar do alto percentual que pressiona ainda mais o custo de vida do sul-mato-grossense, a realidade financeira da Energisa é bem diferente. Conforme reportagem do Jornal Midiamax, a empresa goza de boa saúde financeira efechou o ano de 2021 com lucro líquido de R$ 3,1 bilhões.
No começo do ano passado, em plena pandemia, a Energisa lucrou R$ 873,3 milhões só no primeiro trimestre — um crescimento de 50,1%. Já no segundo trimestre, esse mesmo lucro foi de R$ 749 milhões e no terceiro trimestre aumentou para R$ 863,9 milhões. As despesas operacionais da empresa estão cada vez menores, assim como a dívida líquida, enquanto a conta de luz aumenta.
Para os consumidores de baixa tensão, como residenciais, o impacto será de 17,93%. Para consumidores de alta tensão (indústria) o efeito é de 18,81% e para o consumidor rural o maior impacto: 25%. Os novos valores entram em vigor neste sábado, 16 de abril, junto da vigência da bandeira verde (que não traz adicional à tarifa).
Segundo a presidente do Concen-MS (Conselho de Consumidores das Áreas de Concessão da Energisa em Mato Grosso do Sul), Rosimeire Costa, a base da tarifa até agora custa R$ 69,00 a cada 100 kWh consumido de baixa tensão. Agora, com reajuste, será de R$ 81,20 a cada 100 kWh.
Além do preço, contexto do reajuste também chama atenção. Isso poque a Energisa foi a campeã de reclamações no Procon-MS durante os 12 meses do ano passado. A concessionária teve 364 ocorrências. Dentre as reclamações da Energisa, a maioria é de cobrança indevida/abusiva com 207 registros.
O deputado estadual Capitão Contar (PRTB) anunciou que vai reabrir a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) contra a Energisa e pedir a reavaliação do valor a ser aplicado nas faturas dos sul-mato-grossenses.
Relator da CPI em 2019, o parlamentar destacou que o novo aumento autorizado pela Aneel é ‘absurdo’, principalmente durante o processo de recuperação econômica que Mato Grosso do Sul vem presenciando.
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jornalista responsável : Sadib de Oliveira
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