Além de ser responsável pelo trecho entre a Avenida Fernando Corrêa da Costa e a Avenida Eduardo Elias Zahran, a GTA Projetos e Construções também era responsável pelo trajeto da via até a Avenida Mato Grosso.
O contrato, assinado em setembro de 2021, previa R$ 13,3 milhões para a obra, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) Mobilidade Urbana. O projeto tinha o prazo de um ano para ser executado.
De acordo com o convênio, a prefeitura deveria realizar os pagamentos dos serviços executados em até 30 dias, mediante o recebimento de nota fiscal atestada, mas já na primeira medição, referente ao período de novembro do ano passado, houve um atraso de três meses para o pagamento, que foi realizado em abril deste ano.
A segunda medição, de dezembro de 2021, também teve um atraso de dois meses, sendo paga juntamente com a primeira medição. Segundo a GTA Projetos e Construções, a prefeitura atrasou o pagamento de nove medições, até a rescisão do contrato, incluindo a do mês de julho, que foi paga em novembro, e as medições dos meses de agosto e setembro, que ainda não foram pagas.
Além da questão dos atrasos, a empresa também afirma que houve uma defasagem nos preços, principalmente de material e mão de obra. Sendo assim, a construtora rescindiu o contrato no dia 4 de novembro alegando figurar abuso, o que, para a empresa, deve impedir possível sanção aplicada pela prefeitura pela quebra e contrato.
A GTA Projetos e Construções realizou a drenagem no trecho entre a Avenida Fernando Corrêa da Costa e a Avenida Eduardo Elias Zahran. A ciclovia, no entanto, foi iniciada mas não foi entregue, e o corredor de ônibus não foi iniciado.
Quanto ao trecho correspondente à Avenida Fernando Corrêa da Costa e à Avenida Mato Grosso, a empreiteira não realizou nenhuma intervenção, segundo ela, em virtude da época de fim de ano, quando o fluxo do comércio aumenta, e do período de chuvas, além dos problemas relativos ao pagamento. A empresa afirma que deixa a obra sem nenhum buraco na pista ou transtorno.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para saber como ficará o andamento das obras, porém, até o encerramento desta matéria a administração não enviou resposta.
COMERCIANTES
Enquanto não há previsão para a continuidade da obra, comerciantes locais reclamam da demora e do projeto dos corredores.
Contrariamente à empreiteira GTA Projetos e Construções, que afirmou ter realizado intervenções na via ainda este mês, lojistas dizem que há cerca de dois meses não há trabalho na avenida.
Rodrigo Teixeira trabalha na Avenida Calógeras e acredita que as obras são um ponto positivo, mas causaram transtorno durante o procedimento.
“Está bem devagar, abrem buraco, depois fecham, e parece que eles não têm controle sobre isso. Eles fecham a rua e acabam atrapalhando o movimento”, relata o colaborador.
Já o empresário Mateus Farias concorda apenas com a drenagem, mas é contra a construção da ciclovia e do corredor de ônibus.
“O problema maior é a demora para a transição, a demora para finalizar as obras, eu acho que é o que mais prejudica nós empresários, que passamos momentos difíceis aqui”, comentou.
Farias também disse que os lojistas tentaram entrar em contato com a prefeitura, realizaram reuniões, mas sem sucesso. “A gente percebe que em época de eleição é tudo muito mais rápido, mas, passou a eleição, ficaram três pessoas trabalhando na avenida, o que é pior, a gente vive uma insegurança de não saber o que está acontecendo ou o que vai acontecer”, disse.
E finaliza dizendo que nos últimos 60 dias “sumiu máquina, sumiram os funcionários da construtora e ninguém sabe o que está acontecendo”.
Erivaldo Gomes é morador da região, consumidor das lojas no local e concorda com as obras, pois elas melhoram o centro, porém, relata que a demora atrapalha o trânsito.
“Já não é bom [a demora da obra], e com essa quantidade de obras que tem aí fica o quê? Seis meses, mais de seis meses parado, e para nós que usamos o transporte fica bem complicado”, afirma.
Outro comerciante da região, Mauricio Barbosa afirma que o projeto vai atrapalhar os empresários locais causando prejuízos em virtude da eliminação de um lado do estacionamento, com a construção da ciclovia e da faixa de ônibus.
Em razão desses transtornos, no início deste ano, Barbosa fez parte de uma comissão de empresários da avenida para tentar um acordo com a prefeitura, mas sem resultados.
“A obra de drenagem foi excelente, foi uma coisa que precisava, mas a segunda parte vai ser totalmente prejudicial para nós comerciantes”, disse.
Saiba: Com essa desistência, este é o quarto corredor de ônibus que tem a obra paralisada.