Consumo interno maior e exportações vão elevar abate de bovinos em 2023
Banco Rabobank estima aumento de 2% na produção brasileira e de 1,5% no consumo no interno em 2023
Mercado bovino deve continuar instável em 2023 – Marcelo Victor
A expectativa da instituição financeira é que o consumo interno tenha uma melhora de 1,5% no comparativo com o ano anterior.
O banco, porém, avisa o pecuarista que ele deve continuar com o mesmo nível de atenção ao mercado no próximo ano. “A volatilidade deve ser uma variável que deve acompanhar o setor por mais um ano”, explica o Rabobank.
Os principais pontos de atenção no ano prestes a começar deve ser a consolidação da inversão do ciclo pecuário durante um período de maior oferta, os riscos climáticos para a produção da próxima safra de grãos e das pastagens, eleição do novo presidente, manutenção do auxílio Brasil, recuperação do poder de compra da população, custos logísticos e a desaceleração da economia chinesa.
Conforme o banco, a elevação da oferta devido ao maior abate de vacas e a recuperação dos estoques de boi magro e boi gordo devem ser um dos principais diferenciais com relação ao ano anterior.
“Isso porque, a participação das fêmeas no início da entressafra em 2022 registrou o maior volume dos últimos dois anos, de 42%, consequência da tendência de queda nos preços dos bezerros que vem acompanhando o mercado desde o ano passado”, explica.
A instituição também verificou um aumento da demanda dos frigoríficos pelas fêmeas para ofertar ao mercado doméstico, devido aos preços menores em relação aos machos em algumas regiões.
“Com relação à retomada do rebanho bovino, após registrar aumento de 1,5% em 2020, os dados recentes de 2021 mostram que o rebanho registrou novo aumento de 3,1% – o maior efetivo da série histórica – resultado de um movimento geral na retenção das fêmeas para elevar a produção de bezerros”, explica o relatório destinado aos investidores.
Maior oferta
Segundo o banco, o cenário de maior disponibilidade de gado pronto para abate, acompanhado de uma expectativa de safra recorde de grãos, deve aumentar a oferta de gado engordado tanto a pasto tanto em confinamento.
Exportações
No que diz respeito às exportações, entre os meses de janeiro e outubro, a China manteve-se como o maior destino da carne brasileira, seguida por Estados Unidos e Egito.
Hong Kong, que até 2021 era o segundo maior importador, reduziu os volumes de compra e atualmente é o quarto maior importador de carne do Brasil.
O motivo é o aumento da fiscalização pelas autoridades chinesas na fronteira com a região autônoma, o que tem causado a queda no uso do “canal cinza via terrestre”, e reduzido a triangulação para o envio de carne para a China continental.
Juntos, China, EUA e Egito representam 65% de todas as vendas externas em volume.
O ponto de incerteza para o mercado externo da carne bovina mora no risco de novas supensões de embarque para a China, situação que possui baixo grau de previsibilidade.
As expectativas de desaceleração da economia daquele país também deve impactar em seu consumo e, consequentemente, nas importações de carne do Brasil.
Apesar das incertezas quanto ao mercado chinês, o Brasil também tem boas oportunidades em outros mercados, como por exemplo, nos Estados Unidos, onde tem um preço vantajoso em relação a outro fornecedor para aquele país, a Austrália, além de ter um bom potencial de oferta.
Demanda local e curto prazo
O Rabobank alerta que os preços do boi gordo e da carne bovina deverão ser pressionados pelo cenário de maior oferta combinado com a recuperação da demanda local.
“O movimento atípico de queda/estabilidade no segundo semestre de 2022 podem resultar em um início de ano com desvalorização sazonal. Preços médios menores do boi gordo no próximo ano devem exigir ainda mais eficiência e produtividade dentro da porteira para reduzir os impactos nas margens de produção”, explica a instituição financeira.