O cidadão indignado com a classe política brasileira corre o risco de ter um infarto ao continuar lendo esta matéria. Para não ficar revoltado ao ponto de surtar, é melhor deixar a leitura para outro dia e manter a programação do fim de semana.
Conforme denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), o Governo federal repassou R$ 18 milhões para a Secretaria Estadual de Saúde investir em ações de vigilância. No entanto, apesar de Mato Grosso do Sul enfrentar epidemia da dengue, ter a maior taxa de incidência do País, fazer 105 mil vítimas e matar 36 pessoas, a gestão tucana deixou de investir R$ 15,563 milhões no combate à doença.
Fiscalização da CGU (Controladoria Geral da União) constatou que R$ 8,714 milhões ficou em caixa, porque o secretário estadual de Saúde, Nelson Barbosa Tavares, decidiu cumprir o decreto de contingência baixado pelo governado Reinaldo Azambuja (PSDB).
Enquanto milhares de pessoas sofriam com os efeitos devastadores da epidemia, o Governo colocou o dinheiro a juros.
Com R$ 15.563.709,60 em caixa em 2015, o secretário só investiu R$ 339 mil nas ações de combate a dengue no Estado. De acordo com o boletim divulgado pela pasta, 46.070 pacientes apresentaram os sintomas da doença naquele ano e 17 morreram.
Em 2016, o Governo correu o risco de devolver o dinheiro para o Governo federal, mas não fez um combate efetivo contra a doença, que fez mais 59.874 vítimas, das quais 19 foram a óbito.
Após o contingenciamento, segundo o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, o Estado aplicou mais R$ 462 mil em ações contra a dengue. Não se sabe o que foi feito da fortuna repassada para combatera doença no início de 2015.
Na ação de improbidade administrativa, o “xerife do MPE”, como Marcos Alex se tornou conhecido, pede a condenação de Nelson Tavares a perda dos direitos políticos por até cinco anos, o pagamento de R$ 2,4 milhões de multa civil (o equivalente a 100 vezes o salário de secretário) e de R$ 243,7 mil por danos morais coletivos.
Como testemunhas do descaso, o promotor pede que o juiz Alexandre Antunes da Silva, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, ouça uma das mães das vítimas da dengue hemorrágica, uma criança, para humanizar o descaso das autoridades com a população.
Em entrevista ao Campo Grande News, quando a CGU apresentou o resultado da devassa, o secretário explicou que a maior parte do recurso não é destinada para a dengue, mas para outras ações em vigilância, como tabagismo e doenças sexualmente transmissíveis.
O MPE só abriu inquérito porque o desvio foi denunciado pelo então secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, na gestão de Alcides Bernal (PP). No documento, ele informava que pediu ajuda do Estado, mas o dinheiro não foi liberado.
O governador Reinaldo Azambuja sempre atribuiu a falta de investimento à queda na arrecadação devido a redução expressiva na compra do gás boliviano.
No entanto, agora, qual o motivo para não investir um dinheiro carimbado? Não ouse nem qualificar o que significa um ato desse tipo, deixar o dinheiro em caixa, correr o risco de devolvê-lo, enquanto dezenas sofrem e até morrem por descaso do poder público.
É muita incompetência ou é maldade mesmo? Ou o que aconteceu, que não consigo explicar ou entender?
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