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Em delação complementar, a JBS apresentou duas notas frias emitidas pelo pecuarista Élvio Rodrigues, dono da Fazenda Santa Mônica, que obteve autorização da Justiça para desmatar 20.526 hectares no Pantanal.
Com os novos documentos, conforme a denúncia, o produtor rural emitiu R$ 9,183 milhões para “esquentar” a suposta propina paga ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Os documentos foram anexados ao inquérito 1.190, contra o tucano no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Apesar de a investigação tramitar em sigilo, o caso se tornou público ao ser anexado ao requerimento do empresário Wesley Batista, dono da empresa, que tenta manter a imunidade judicial junto ao Supremo Tribunal Federal.
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Além de quatro das cinco páginas do depoimento, o delator anexou documentos e ofícios para corroborar com a tese de que vem colaborando com a Justiça. Além dos integrantes da JBS, o ministro Félix Fischer, relator do caso no STJ, determinou à Policia Federal para colher o depoimento de todos os envolvidos no suposto esquema.
Em maio do ano passado, quando a colaboração premiada foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do STF, Élvio foi citado como o segundo maior emissor de notas frias, que somavam R$ 7,682 milhões. Só ficava atrás dos R$ 12,9 milhões emitidos pela Buriti Comércio de Carnes, frigorífico em Aquidauana.
Conforme Wesley, as duas notas fiscais não foram entregues na primeira fase da delação. Pelo acordo, o grupo tinha 120 dias para apresentar novos documentos.
O empresário entregou as notas fiscais de número 37.629, no valor R$ 1.380.400,00, e 37.630, de R$ 120.243,00. Com os novos documentos, o valor emitido por Élvio passa a ser de R$ 9,183 milhões.
Além de entregar as notas, no depoimento feito em dezembro do ano passado à Polícia Federal, Wesley repetiu que as notas eram fraudulentas. Apesar de serem relativas à compra e venda de gado, os bois descritos nas notas não existem. Ele ainda apresentou planilhas, guias de transporte animal e planilhas com os valores da suposta propina.
As novas revelações ocorrem logo após o Governo do Estado recorrer ao Poder Judiciário para liberar o desmatamento de 20,5 mil hectares na Fazenda Santa Mônica, de Élvio. O governador alegou que o Estado teria prejuízo de R$ 7 milhões com a manutenção da liminar que suspendeu a licença ambiental.
O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Divoncir Schreiner Maran, acatou o pedido e cassou a liminar que impedia o desmatamento. O procurador geral de Justiça, Paulo Cezar dos Passos, recorreu contra a decisão e aguarda nova manifestação do Poder Judiciário.
O MPE alega que a área a ser devastada no Pantanal é do tamanho do perímetro urbano de Campo Grande e terá graves impactos ambientais para a flora e fauna pantaneira.
Sobre a delação complementar da JBS, o Governo foi procurado pelo O Jacaré na semana passada e não se manifestou até o momento.
No entanto, em manifestação junto ao Supremo, o governador tem reiterado que não cometeu nenhuma irregularidade. Ele até tentou anular a colaboração premiada e acusou os irmãos Batista, Joesley e Wesley, de serem chefes de uma facção criminosa.
Em entrevista à Rádio CBN, o tucano defendeu as investigações contra a corrupção. No entanto, ele diz que a população deve separar os políticos bons, vítimas de falsas acusações, dos corruptos.
Sobre as notas frias usadas para “esquentar” a propina, Reinaldo já negou, em mais de uma ocasião a veracidade da denúncia. O ex-secretário estadual de Fazenda e conselheiro do Tribunal de Contas, Márcio Monteiro, apresentou documentos para destacar que o gado foi vendido e entregue para a JBS, negando a denúncia de que as notas eram fraudulentas.
Governo exonera acusado de emitir notas frias e mais três coordenadores regionais
O pecuarista Zelito Alves Ribeiro foi exonerado do cargo de coordenador regional nesta segunda-feira. Ele é citado na delação premiada da JBS, homologada em maio do ano passado, acusado de emitir R$ 1,758 milhão em notas frias.
Ribeiro é irmão do prefeito de Aquiduana, Odilon Ribeiro (PSDB), e aparece em outro caso rumoroso de corrupção. Em janeiro do ano passado, ele procurou a Polícia Civil para defender o corretor de gado José Ricardo Guiti Guímaro, que foi gravado cobrando propina pelo dono da Braz Peli, José Alberto Miri Berger.
Após o vídeo ser divulgado pelo Fantástico, programa dominical da TV Globo, houve a divulgação do depoimento de Ribeiro. Ele acusou o dono do curtume de armação e negou que houve o pagamento de propina.
Com salário de R$ 15,2 mil em abril, conforme o Portal da Transparência, Zelito foi exonerado junto com outros três coordenadores regionais, o ex-prefeito de Fátima do Sul, Júnior Vasconcelos, o ex-vereador de Laguna Carapã, Inácio Espíndola, e o ex-secretário municipal de Ponta Porã, Adir Teixeira.