Por unanimidade, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul manteve a prisão do 2º sargento da Polícia Militar, Ricardo Campos Figueiredo, 42 anos, réu por obstrução de investigação de organização criminosa.
Ex-assessor da Secretaria Estadual de Governo e motorista do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), ele será ouvido pelo juiz na próxima segunda-feira, a partir das 14h30, na Auditoria Militar.
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A conclusão do julgamento foi adiada na semana passada porque o desembargador Ruy Celso se declarou sob suspeição e foi convocado o substituto.
O desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques pediu mais tempo e apresentou o seu voto ontem, contra a concessão do habeas corpus.
Preso desde o dia 24 de maio deste ano, o sargento continuará preso por tempo indeterminado. A esperança da banca de defesa, composta por oito advogados, é o juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar.
Ele marcou a audiência para ouvir as testemunhas de defesa e o réu na próxima segunda-feira. Na ocasião, o magistrado poderá analisar o pedido do militar para revogar a prisão preventiva.
Figueiredo foi preso na Operação Oiketekus, do Gaeco e da Corregedoria da PM, que prendeu policiais militares envolvidos com a Máfia do Cigarro. Inicialmente, o então assessor do Governo não seria preso.
No entanto, ao ser alvo de mandados de busca e apreensão, ele entrou no banheiro e destruiu os dois telefones celulares.
Preso em flagrante por obstrução da Justiça, ele tinha salário de R$ 16,4 mil no Governo, onde exercia a função de motorista do governador Reinaldo Azambuja.
Desde a posse do tucano, o militar tinha sido promovido duas vezes por atos de bravura. Ele ainda teve nove punições anuladas em uma única reunião do Comando da PM, inclusive as que previam prisão. Antes de ser preso, Figueiredo participava do curso de sargentos junto com bombeiros para ter direito a nova promoção.
Com a repercussão da prisão, ele pediu demissão do cargo de direção e assessoramente na Governadoria. Agora, corre o risco de só sair da cadeia após a sentença por obstrução da Justiça.
O Gaeco ainda apura se ele tem envolvimento com as organizações criminosas que atuam no contrabando de cigarro do Paraguai.
Além de Figueiredo, os promotores denunciaram 28 policiais militares por organização criminosa.
No entanto, as prisões nem as mudanças nos comandos dos batalhões no interior não inibiram a ação dos criminosos. Na semana passada, a Polícia Federal apreendeu 11 carretas com cigarros.
Nove motoristas foram presos e dois conseguiram fugir ao cerco policial.
A carga estava avaliada em R$ 33 milhões.
A apreensão indica que tem muito criminoso poderoso solto, ainda.