O advogado Rodrigo Souza e Silva, 30 anos, filho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), é citado como “Príncipe” na Operação Lama Asfáltica, que apura suposto esquema de desvio de mais de R$ 300 milhões dos cofres estaduais na gestão de André Puccinelli (MDB).
Conforme a Polícia Federal, ele teria feito a transição do esquema criminosa da gestão emedebista para a tucana.
A história mudou com a Operação Vostok, que apura o suposto pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas ao grupo do tucano e prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres públicos. Estes valores só se referem a JBS, que teve a delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal em maio do ano passado.
No despacho da decretação da prisão temporária de Rodrigo, o ministro Felix Fischer, relator do inquérito 1.190 no STJ (Superior Tribunal de Justiça), dá detalhes do envolvimento de Rodrigo na Lama Asfáltica.
“Nos autos da Operação Lama Asfáltica, despontou como responsável pela transição do esquema do então governador ANDRÉ PUCCINELLI para o seu pai, conforme diálogos interceptados pela linha telefônica do então Secretário Adjunto de Fazenda do Estado, ANDRÉ CANCE”, destaca Fischer.
Cance chegou a ser preso na Operação Lama Asfáltica e é acusado de assumir o papel de operador do ex-governador após a saída do empresário Ivanildo da Cunha Miranda, que acabou fechando acordo de delação premiada, o primeiro em Mato Grosso do Sul.
Conforme a delação da JBS, a propina destinada ao ex-governador foi paga por meio de Cance desde 2014. Ele foi denunciado na 7ª ação pena da Lama Asfáltica, em que o MPF cobra o pagamento de R$ 364 milhões e denuncia o grupo pelo suposto pagamento de R$ 22,5 milhões para Puccinelli.
Já Rodrigo é um dos principais alvos da Operação Vostok, que apura os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
De acordo com o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o xerife do mercado financeiro, o filho do governador teve R$ 11,531 milhões em movimentações atípicas em suas contas em dois anos.
Ele ainda é um dos alvos do inquérito 1.243, que apura a contratação de uma quadrilha para recuperar R$ 270 mil em propina destinada ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco, ocorrido em 27 de novembro do ano passado. O aposentado Luiz Carlos Vareiro ainda o acusou de que o plano era eliminar Polaco, que ameaçava fazer delação premiada.
Durante o debate do Midiamax, o governador Reinaldo defendeu o filho das acusações. Ele se colocou como vítima de “pilantras” e “picaretas”, que no caso seriam os donos da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista.
Ele até minimizou o montante movimentado colocado sob suspeita pelo ministro do STJ. “Meu filho movimento muito mais”, disse, destacando que os dois são ricos e não precisavam de dinheiro desviado do poder público.
Candidato a governador cobra cópia do inquérito da Operação Vostok
O candidato a governador João Alfredo (PSOL) protocolou pedidos para ter acesso ao inquérito da Operação Vostok, que tramita em sigilo no STJ.
Ele enviou ofícios solicitados cópias dos documentos à Governadoria, à residência do tucano e ao diretório regional do PSDB.
O pedido foi feito porque durante o debate no Midiamax, Reinaldo afirmou que sua vida é um livro aberto e qualquer cidadão poderia ter acesso ao inquérito no STJ.
Ao ser alertado pelo adversário, de que o processo tramita em sigilo, ele anunciou que entregaria cópia a Alfredo.
“Eu mostro os documentos, está tudo aberto”, prometeu o tucano. Reinaldo enfatizou que bastava pedir acesso ao inquérito, que a cópia seria disponibilizada, inclusive suas movimentações bancárias.
FONTE OJACARE .COM.BR