O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) gastou R$ 59,961 milhões com propaganda no ano passado, o que representa acréscimo de 13,04% em relação ao primeiro ano de mandato e de 4,9% em relação a 2018.
O Governo ampliou o repasse para as agências de publicidade, apesar de faltar dinheiro para comprar medicamentos e contratar funcionários na saúde, contratar aprovados em concurso e reajustar salário dos servidores.
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De acordo com o Portal da Transparência, o total empenhado com as 11 agências de publicidade foi de R$ 59,961 milhões no ano passado. O montante foi 4,9% superior ao total torrado em publicidade em 2018, R$ 57,135 milhões, quando o governador disputou a reeleição e foi reeleito no segundo turno com mais de 677 mil votos.
Em relação a 2015, o primeiro ano do mandato tucano, quando foram gastos R$ 57,135 milhões com agências de publicidade, o aumento foi de 13,04%.
Só uma agência recebeu R$ 10,1 milhões
Empresa | 2018 | 2019 |
Agência R | 3.850.000,67 | 1.545.092,47 |
Agência S | 2.308.024,88 | 1.571.172,00 |
Agência C | 4.931.021,00 | 4.865.479,63 |
Agência O | 3.771.530,17 | 6.876.661,35 |
Agência N | 4.530.101,45 | 4.230.580,29 |
Agência B | 6.628.925,01 | 9.764.770,77 |
Agência T | 7.446.122,94 | 4.329.789,73 |
Agência A | 7.399.518,82 | 5.157.328,98 |
Agência L | 3.441.433,43 | 3.187.664,56 |
Agência CM | 5.211.386,81 | 8.299.206,75 |
Agência AP | 7.617.480,50 | 10.133.761,28 |
Total | 57.135.545,68 | 59.961.507,81 |
Fonte: Portal da Transparência |
Reinaldo manteve os gastos elevados apesar da Operação Aprendiz (veja aqui), conduzida pelo promotor Marcos Alex Vera de Oliveira e autorizada pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande em fevereiro do ano passado. Na ocasião, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na Governadoria e em seis agências de publicidade.
Conforme a CGU (Controladoria Geral da União), entre junho de 2015 e agosto de 2016, houve superfaturamento de R$ 1,6 milhão na compra de cartilhas. Em um dos contratos, conforme o órgão federal, o sobrepreço chegou a 992%.
O Governo do Estado manteve os gastos milionários com propaganda no mesmo período em que o Hospital Regional Rosa Pedrossian, o segundo maior do Estado, mantinha cinco leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) fechados por falta de dinheiro para contratar funcionários.
Aliás, a saúde foi um dos setores mais afetados pela crise na atual gestão. No ano passado, o Ministério Público Estadual foi obrigado a ingressar na Justiça para obrigar o Governo a comprar medicamentos e materiais hospitalares para atender os doentes internados no HR. No início deste ano, jornais deram amplo destaque à falta de manutenção dos elevadores, que obrigaram funcionários a descer com mortos e encaminhar pacientes para exames pelas escadas.
Devido à falta de dinheiro, o governador elevou o imposto sobre a gasolina, que deverá ter aumento de 30 centavos no litro após o Carnaval. Os produtores rurais vão pagar até 71% mais pelo Fundersul cobrado sobre grãos, madeira, cana-de-açúcar e boi. Em 2015, Reinaldo aumentou o valor do IPVA em 40% e ainda ampliou a cobrança do tributo sobre veículos de 15 para 20 anos de uso.
No ano passado, quando empenhou R$ 164,2 mil para gastar com propaganda, Reinaldo reduziu em 46,3% o investimento no programa Vale Renda – de R$ 93,1 milhões em 2015 para R$ 49,9 milhões em 2019. O tucano excluiu 22 mil famílias do programa em abril passado. Só que no período, conforme o IBGE, o número de pessoas vivendo em situação de pobreza extrema saltou 154% no Estado.
Reinaldo também reduziu em 17,6% o investimento no programa Vale Universidade, destinado para ajudar estudantes carentes a entrar na universidade. Entre 2017 e 2019, o valor destinado ao projeto caiu de R$ 12,042 milhões para R$ 9,926 milhões. Em 2016, foram aplicados R$ 13,4 milhões, conforme o Portal da Transparência.
Na semana passada, o governador envolveu-se em outra polêmica ao viajar para um pesqueiro de luxo na Argentina, onde a diária custa R$ 1,1 mil e a pousada oferece até praia privativa. Só que oficialmente, o tucano informava que estava cumprindo expediente e vinha “assinando” normalmente decretos e atos, conforme o jornal Midiamax.
A assessoria não informou se o governador terá o salário descontado, já que estava pescando no horário de expediente e sem passar o comando do Estado para o vice-governador Murilo Zauith (DEM). Graças à mudança feita na Constituição estadual em outubro passado, o tucano não precisa pedir autorização do legislativo nem entregar o comando do Estado ao vice, com quem não vem mantendo boas relações, caso se ausente do Estado por até 15 dias.
A alteração foi feita com o objetivo de facilitar os deslocamentos do governador a trabalho. Na ocasião, ninguém comentou que era para as pescarias em dias úteis. Oficialmente, ele tirou férias de 13 dias em agosto do ano passado. A polêmica foi ignorada por outros jornais e emissoras de televisão, sempre tão ciosos para cobrar ética e transparência nos gastos públicos.
De acordo com o G1, da Globo, Reinaldo cumpriu 29% das promessas feitas na campanha no primeiro ano de mandato. Ele teve o 4º melhor desempenho no País ao cumprir sete dos 24 compromissos. Um dos itens considerados foi a “extinção de mil cargos comissionados”. O levantamento foi exaltado por praticamente todos os meios de comunicação sul-mato-grossenses.
fonte ojacare.com.br