Amplavisão 1280 Falta honra, sobra esperteza.
‘HONRA’ Vem do latim ‘honor’, sinaliza a própria dignidade de uma pessoa que pauta seu modo de vida nos ditames da moral. Para o jurista italiano Adriano de Cupis “é a dignidade pessoal refletida na consideração dos outros e no sentimento da própria pessoa.” Dignidade lembra nobreza, respeitabilidade e autoridade moral.
A FRASE “Pode haver honra entre ladrões, mas não entre políticos “ – atribuída a Thomas E. Lawrence, diplomata inglês, agente secreto, arqueólogo e militar conhecido no filme “Lawrence da Arábia”, estrelado por Peter O’Toole (1962) se encaixa como uma luva no Brasíl atual que respira delações dos homens públicos e coligados (operadores & laranjas).
‘COINCIDÊNCIAS’ que se encaixam num efeito cascata. Primeiro foi o doleiro Lúcio Funaro que abriu o bico para salvar a própria pele em delação homologada no STF pelo ministro Fachini. Contou coisas do arco da velha. Uma delas é que o ‘nosso’ Ivanildo Cunha Miranda intercedeu para a concessão do empréstimo de R$350 milhões pela Caixa E. Federal ao Marfrig e levou R$ 9 milhões de propina divididos para ele, Geddel Vieira, Funaro e os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves.
AGORA para escapar da cadeia, Ivanildo confirmou a revelação de Funaro em delação premiada que está tirando o sono de muita gente por aqui. Aliás, tirou mais que o sono. Tirou gente de casa direto para a cadeia. É o caso do ex-governador André Puccinelli que experimentou o vexame da desonra pessoal de acabar atrás das grandes no desconforto de uma cela para 20 meliantes. Pior ainda a experiência de ter ao seu lado – também preso – o filho advogado André Puccinelli Jr. alvo de graves acusações. Foram libertos e justificam o velho refrão: “O que dizer em casa?”
HILÁRIA A opinião pública ironiza a situação do advogado André Puccinelli Jr. devido a ‘fantástica’ venda de livros de sua autoria. Pelo visto ele não teria sido aluno presente as aulas de Ética, não assimilando os conselhos dos mestres Sócrates e Demóstenes. Agora, ao lado dos outros dois sócios que acabaram presos, corre o risco de passar pelo crivo do Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil. O que seus alunos acadêmicos estarão pensando de tudo isso? Boa pergunta.
INVENÇÃO? Para a Polícia Federal, Receita Federal e Controladoria Geral da União o ex-governador André seria chefe de um grande esquema de propina há mais de 10 anos com R$235 milhões comprovados até agora. Quem diz isso é o delegado Cléo Mazzotti, da Polícia Federal. Mais uma vez, as mesmas figuras envolvidas: os empresários João Amorim, João Baird (estão em todas), Mirched Jafar (Gráfica Alvorada), Antonio Cortez, João Maurício Cance e André Luiz Cance. Figuras influentes na administração de André como constam de várias denúncias.
HORROROSO o cenário em nosso Estado, que lembra o Rio de Janeiro inclusive neste aspecto. O cidadão consciente e desapegado de ‘ interesses pessoais’ está revoltado com tamanha desfaçatez. Eleito e reeleito ao Governo Estadual, André está devendo uma entrevista coletiva à imprensa para se defender e prestar contas à população. Mas aquele político sem meias palavras, ativo, está acuado e fragilizado. Pode estar apenas adiando o anúncio de que jogou a toalha na empreitada de disputar o Governo, optando por alternativa que lhe garanta os benefícios do foro privilegiado indispensável – custe o que custar. A prioridade é a liberdade.
OS ÓRFÃOS políticos já são vistos na tentativa de reconduzi-lo ao comando do PMDB e assim tentar o Governo em 2018. Cada qual com seu discurso, mas com os mesmos objetivos pessoais. Tentam minimizar a situação penal-jurídica de André, desqualificam as acusações contra ele e preferem se reportar as suas administrações marcadas por obras físicas. Mas por insensibilidade ocasional ‘esquecem’ as sequelas na vida sócio-familiar do ex-governador. Agora são filhos e netos também traumatizados pelo episódio que começou com policiais à porta da residência. A frase “você está preso!” é devastadora. Existem dois ‘Andrés’ – um antes da prisão, outro após a prisão.
SEM ILUSÕES A opinião pública que assiste aos noticiários sobre o escândalos ironizam as justificativas ou defesas dos políticos acusados e envolvidos. Todas seguem a mesma linha. Parecem ter saído de um manual de formulários: “O fulano de tal reafirma que não está envolvido no caso, reservando-se ao direito de se defender para provar sua inocência”. Aquela ladainha de sempre. O interessante é que todos esses políticos fogem da imprensa, como está acontecendo também aqui.
“CHATEADO?” O deputado estadual Eduardo Rocha (PMDB) assim se expressou após visitar André: “ ele está chateado”. Data vênia, o deputado precisa aferir também a quantas anda a indignação da população após essas revelações. A manifestação recente de um motoqueiro contra o deputado Carlos Marum (PMDB) mostra isso. Seriam meras conjecturas, invencionices das autoridades num processo de 156 páginas? Ora! Para a investigação a Gráfica Alvorada, a Proteco Construções, Mil Tec Tecnologia e o Instituto Ícone ( do André Jr), emitiram documentos frios para ‘legalizar’ propinas beneficiando André.
‘ROUBA MAS FAZ’ São Paulo está pagando até hoje aquela conta salgada deixada pelo então prefeito Paulo Maluf. Depois de tantos anos de investigação conseguiu-se provar os desvios de dinheiro das propinas. Por analogia, o caso de Mato Grosso do Sul caminha para o mesmo cenário. Já imaginou quanto essa tropa de ‘empresários’ ajudou a tirar dos cofres públicos? Quantos leitos hospitalares ficamos defasados por causa disso? Quantos aparelhos hospitalares e remédios a menos? Quantas escolas, viaturas e ações sociais perdemos? Eles não teria feito isso sozinhos. Tiveram parceria. Essa é a conta, o raciocínio objetivo que a população precisa ter.
CORRUPÇÃO Duas ações oportuníssimas contra anti-corrupção. A primeira delas é do prefeito Marcos Trad (PSD) instituindo 16 de novembro como Dia Municipal de Combate a Corrupção conforme projeto o edil André Salineiro (PSDB). A segunda é do governador Reinaldo (PSDB) propondo via projeto a criação do Fundo Estadual de
Combate a Corrupção com recursos provenientes de multas administrativas e doações. Vamos acompanhar as duas iniciativas esperando resultados positivos..
- ODILON Tirou o passaporte para sua primeira viagem política. É o primeiro nome diferente disposto a ingressar no cenário político. Ouço opiniões diversas sobre suas chances e eventuais alianças e apoiamentos. Longe de fazer comparações, mas a política é incrivelmente dinâmica e a fila anda. Inegável que há um clima de indignação no ar e Odilon tem ao seu lado o ex- conselheiro João Leite Schimidt. Pode fazer a diferença nos bastidores.
FOGUETES Em que pese o cenário nacional nebuloso a economia do Estado vai se firmando. O governador Reinaldo (PSDB) não esconde sua confiança e projeta números positivos para 2016. Lembra que o corte dos juros é indispensável e que a pecuária tem salvado o Produto Interno Bruto. Sem alarde vai fazendo uma administração eficiente e atende todos os segmentos sociais e econômicos. Ao seu estilo reitera: não estou pensando em eleições. ‘Acredito’.
DE VALOR! A chegada do Enelvo Felini (PSDB) à Assembleia Legislativa é saudável. Ex-prefeito de Sidrolâdia, um dos responsáveis – como prefeito – pela transformação social e econômica daquele município. Enelvo é dinâmico, tem uma visão moderna da administração pública. A população de Sidrolândia que tem seu primeiro deputado, precisa ter juízo, se unir, para reelegê-lo. Cabe a Enelvo se articular entre as forças políticas locais. Difícil, mas não impossível.
“Pode haver honra entre ladrões, mas não entre políticos”. (Lawrence da Arábia)