Após audiência pública, Câmara decide manter horário atual de funcionamento dos bancos em Costa Rica
Após audiência pública, Câmara decide manter horário atual de funcionamento dos bancos em Costa Rica
Ademilson Lopes
A Câmara de Vereadores de Costa Rica-MS decidiu manter o horário atual de atendimento ao público nas três agências bancárias do município, ou seja, das 10h às 15h. No começo da noite de terça-feira (11/09), a Casa de Leis realizou audiência pública para discutir a proposta que pretendia alterar o horário de abertura dos bancos para às 9h e fechamento às 14h. De forma democrática, a decisão foi tomada com base no voto dos moradores presentes à audiência. A maioria se manifestou contra a mudança..
A audiência pública aconteceu no Plenário da Câmara e começou por volta das 18h15, com duração de aproximadamente uma hora. O evento oportunizou espaço para os representantes das agências bancárias e da sociedade civil opinarem sobre a alteração do horário de funcionamento dos bancos no município. A mudança foi proposta pelos vereadores Jovenaldo Francisco dos Santos, o Juvenal da Farmácia (PSB), e Ailton Martins de Amorim (MDB).
A FAVOR – Juvenal da Farmácia foi o primeiro a falar e defendeu a mudança, argumentando que donas de casa e aposentados iriam se beneficiar, casos os bancos abrissem e fechassem mais cedo. “O melhor horário, principalmente para as donas de casa, seria das 9h às 14h. Fui informado que oito horas da manhã os aposentados já estão no Bradesco e o gerente faz um jogo de cintura para atendê-los”, contou o edil.
Juvenal ainda lembrou que o atual horário de atendimento ao público nas agências bancárias da cidade – ou seja, das 10h às 15h -, foi estabelecido em 2014, por meio de uma decisão que partiu da própria Câmara de Vereadores. Segundo ele, até então os bancos funcionavam das 9h às 14h. “Foi uma proposição feita aqui nesta Casa de Leis (o horário das 10h às 15h) por um ex-vereador e na época, inclusive, eu assinei, porque ele (ex-vereador) disse que tinha conversado com a população e na verdade não foi, ele conversou com uma pessoa só e depois a gente vai descobrindo”, ressaltou o parlamentar pessebista.
Logo após a fala de Juvenal da Farmácia foi a vez do vereador Ailton defender a mudança do horário de atendimento nas agências bancárias de Costa Rica. “Quando a Lotérica estava funcionando você via as pessoas logo cedo indo para lá e agora com a Lotérica fechada a demanda vai em cima dos bancos e o público fica esperando até as 10h para fazer seus pagamentos. Para as pessoas da zona rural que moram mais distantes da cidade, às vezes é bom o banco ficar aberto até mais tarde, mas para aqueles que moram um pouco mais perto do perímetro urbano ou mesmo que residem na cidade é melhor que abra mais cedo”, pontuou o edil emedebista.
Ailton também disse que consultar diretamente a população é a melhor maneira de se fazer a escolha correta em relação ao tema debatido. “Nós somos o para-choque da sociedade e quando há demanda, nada mais transparente do que a realização de audiência pública para a gente tomar a decisão mais acertada, mudando ou não o horário dos bancos”, comentou.
CONTRA – Depois da exposição dos argumentos dos dois vereadores que defenderam a mudança, também foi oportunizado espaço para as pessoas presentes à audiência pública apresentarem suas opiniões e pontos de vista. O representante da Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Costa Rica (ACIACRI), Magney Raimundo Pereira da Silva, afirmou que os diretores da entidade haviam se reunido antes para discutirem o tema e, segundo ele, todos se manifestaram, de forma unânime, contra a alteração do horário de funcionamento dos bancos.
“Em 2014 nós conquistamos a mudança do horário, que passou a ser das 10h às 15h, e nos ajuda muito. Os comerciantes esperam para pagar os boletos no fim do expediente do banco e se fechar mais cedo vai prejudica-los. Duas horas depois que os bancos fecham acabou o comércio, para, porque o comércio funciona quando o banco está trabalhando”, salientou o representante da ACIACRI.
Magney ainda solicitou ao cerimonial da audiência pública que fizesse a leitura de uma nota emitida pela ACIACRI. “O horário atual, das 10h às 15h, atende todas às necessidades dos nossos filiados e com o funcionamento dos canais eletrônicos de atendimento, como internet banking, mobile banking e caixas eletrônicos funcionando 24 horas, remotamente, com um celular nas mãos, qualquer indivíduo hoje está tecnicamente habilitado a resolver a maior parte das questões de sua vida financeira. Ir ao banco – ou ao caixa eletrônico – é necessário apenas para quem quer sacar”, segundo consta em um trecho da nota da associação.
POSIÇÃO DAS AGÊNCIAS BANCÁRIAS – Os representantes das três agências bancárias presentes à audiência pública se mostraram solícitos a acatar a decisão tomada pela população em relação ao horário de funcionamento das instituições financeiras.
“Tem os pós e os contras, porque tem muitas empresas que aguardam os depósitos do dia para no final do expediente bancário fazer o pagamento de boletos e de fornecedores. Esse associado (cliente) vai ter uma hora a menos para fazer o movimento se o banco fechar mais cedo. Em compensação nós temos os aposentados que realmente oito horas da manhã estão na frente da agência aguardando abrir para serem atendidos. Então, a Cooperativa fica à disposição da sociedade, nós estamos bem abertos a acatar o que a comunidade decidir”, ressaltou a gerente da Cooperativa Sicredit de Costa Rica, Tatiana Krever Stadler.
O representante do Banco do Brasil de Costa Rica, Max Sud França, também disse que a instituição financeira se propõe a atender a decisão tomada pela população, mas manifestou preferência pelo horário das 10h às 15h.
“Algumas agências aqui do nosso estado realmente funcionam das 9h às 14h, como em Chapadão do Sul, Cassilândia, Paranaíba, mas não é o caso de algumas cidades de maior público, como por exemplo Coxim, Três Lagoas, Dourados, Naviraí, Maracaju, que tem um desenvolvimento um pouco maior e funcionam das 10h às 15h. Campo Grande o atendimento é das 11h às 16h. Há um entendimento de que para alguns grupos, como os aposentados, seria mais fácil abrirmos das 9h às 14h, que são em tese alguns usuários do banco. Mas se você partir para o lado dos empresários ou o do comércio local, para essas pessoas que produzem e geram emprego, a visão é que eles consigam ter o banco fechando mais tarde. O que nós do Banco do Brasil pedimos é que a decisão seja tomada com base na opinião daqueles que usam o banco com maior frequência”, enfatizou Max Sud.
ATENDIMENTO – Na audiência pública, o microempresário Mariuzam Aparecido de Oliveira se posicionou a favor da mudança do horário de funcionamento dos bancos no município. Contudo, segundo ele, o problema maior está relacionado à demora para a população receber atendimento nas agências bancárias de Costa Rica.
“É lamentável você chegar na porta de um banco 9h30, enquanto a agência abre 10h05! Você pega a sua senha para ser atendido 12h30 ou 13h. Muito bem-vinda a iniciativa do vereador Juvenal a respeito do horário. Infelizmente, a Associação Comercial, em nota, disse que quem tem seus meios tecnológicos faz as transações bancárias por meio de celular, mas ainda tem uma grande parte da população costarriquense que necessita de ir ao banco para ser atendido e os atendimentos dentro das agências bancárias de Costa Rica são de péssima qualidade”, avaliou Mariuzam.
Também presente à audiência pública, o coordenador municipal do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Walder de Freitas, afirmou que em Costa Rica são muitos os casos nos quais o Banco do Brasil e a Cooperativa Sicredi se recusam a receber boletos de não-correntistas.
“Como o Bradesco é o banco que recebe todo tipo de boleto, ele sofre um pouco mais, porque infelizmente as outras agências bancárias não estão cumprindo com o compromisso de estarem recebendo esses boletos. Então eu acho que a discussão proposta pelo vereador Juvenal deveria ser debatida de uma forma mais ampla, para exigir que todos os bancos cumpram com suas obrigações”, opinou o coordenador do Procon.
PARTICIPAÇÃO POPULAR – A audiência pública contou com a participação de 25 pessoas, entre elas oito funcionários das três agências bancárias do município (Bradesco, Banco do Brasil e Cooperativa Sicredi), os vereadores Dr. Maia, Juvenal da Farmácia e Ailton Amorim, além de cinco funcionários da Câmara e 10 membros da sociedade civil de Costa Rica.
O presidente da Câmara Municipal, Dr. Maia, teve a missão de conduzir a audiência pública. Ele lamentou o fato de poucas pessoas participarem do evento. “Esta audiência foi amplamente divulgada pelas redes sociais, pelas rádios de Costa Rica. Nós fizemos o convite boca-a-boca no comércio e a sociedade não participou. Foi oportunizado espaço para que a comunidade viesse decidir e opinar”, lamentou Dr. Maia.
VOTAÇÃO – A decisão de manter o atual horário de funcionamento dos bancos foi tomada com base no voto dos moradores e vereadores presentes ao evento. Os representantes das instituições financeiras, em comum acordo com o presidente da Casa de Leis, preferiram não participar da votação, que foi feita ao final da audiência pública.