A repercussão negativa do reajuste de 10% “sensibilizou” o prefeito de Rio Negro, Cledimar da Silva Camargo, o Buda do Lair (PSDB). Com o 49º maior salário do Estado, ele anunciou que vetará o aumento para todos os cargos do executivo, inclusive do vice-prefeito e secretários. Já os vereadores da cidade vão manter o aumento de 50%, apesar da mais grave crise financeira da história causada pela pandemia da Covid-19.
A majoração nos subsídios dos políticos da pequena Rio Negro, que perdeu 26% dos habitantes nos últimos 20 anos, causou indignação até na OAB/MS (Ordem dos Advogados Do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul). “É um absurdo”, reagiu o presidente da entidade, Mansour Elias Karmouche, que divulgou até nota de repúdio contra o aumento inoportuno.
Buda do Lair afirmou, em vídeo postado no Facebook, que não se pronunciou antes contra o reajuste em “respeito e gratidão aos vereadores”. Dos nove vereadores, sete votaram a favor do reajuste inoportuno. Os professores, os médicos e demais servidores municipais tiveram os salários congelados neste ano.
“Não aumentaremos os salários do prefeito, não aumentaremos o salário do vice-prefeito, não aumentaremos os salários dos secretários”, garantiu o prefeito, anunciando o veto ao projeto na parte referente ao Poder Executivo. O vice-prefeito vai continuar ganhando R$ 6 mil, enquanto os secretários municipais, R$ 4.480.
Com a decisão, ele vai continuar recebendo R$ 12,8 mil, o 49º em um grupo de 55 municípios. Caso tivesse o aumento, o vencimento passaria para R$ 14.080, superando o valor pago a Délia Razuk (PTB), prefeita de Dourados, segundo maior município do Estado, com subsídio de R$ 13.804.56.
Apesar de 33% dos moradores viverem abaixo da linha da pobreza, com renda per capita abaixo de meio salário mínimo, e somente 10% estarem ocupados, Buda do Lair recebe salário superior aos R$ 11,4 mil pagos ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).
Já os vereadores vão manter o reajuste de 50% no vencimento, de R$ 2.350, neste ano, para R$ 3.525 a partir de fevereiro de 2021.
Na postagem do prefeito, os moradores de Rio Negro cobraram a suspensão do reajuste dos parlamentares. “Parabéns Buda, mas vete os salários dos vereadores”, cobrou um internauta. “Muito bem prefeito Buda… vamos esperar agora que os vereadores também caiam em si e sigam seu exemplo”, cobrou outro.
A pandemia deverá causar queda expressiva na arrecadação dos municípios, do Estado e da União. O aumento de salários é inoportuno na pandemia. Os vereadores de Jardim, Amambai e São Gabriel do Oeste também chegaram a propor reajuste nos próprios salários, mas teriam recuado após pressão da sociedade.
Em Campo Grande, os vereadores aprovaram reajuste de 26% a partir de 2021. O subsídio deverá subir de R$ 15.031 para R$ 19 mil. Apesar da crise gravíssima da Covid-19, os parlamentares campo-grandenses ignoram a situação e já estão em campanha pela reeleição.
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