Os políticos brasileiros estão perdendo o pouco que lhes resta de sensatez. O último exemplo sórdido vem de Dourados, segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Sem dinheiro para pagar os salários dos servidores municipais, a prefeita Délia Razuk (sem partido) encaminhou projeto de lei para elevar o próprio salário em 55,27%, de R$ 13.804,56 para R$ 21.434,34.
Não é piada nem Fake News da oposição para destruir o que resta de credibilidade para a administração de Dourados. De acordo com o Campo Grande News, Délia está preocupado com a defasagem no subsídio da prefeita, do vice-prefeito Mrisvaldo Zueli e dos secretários municipais. Os vencimentos estariam defasados há 14 anos, desde 2005.
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O problema é que a Prefeitura de Dourados não tem dinheiro nem para quitar a folha de pagamento em dia. Servidores vem recebendo escalonado há vários meses. No mês passado, 5.609, com salário de até R$ 4.050, receberam primeiro. Os outros 1.528, só tiveram o depósito no dia 15 de novembro deste ano.
O mesmo ocorreu neste mês. Dos 7.428 funcionários, 4.676 receberam no dia 6 deste mês. Os “abonados”, que ganham mais de R$ 3.450, seriam pagos nesta semana. Professores e administrativos da educação fizeram protesto e paralisação de 24 horas contra o atraso no pagamento dos salários.
Sem dinheiro para quitar a folha mensal de R$ 21,5 milhões, Délia encaminhou ao legislativo o projeto para elevar o próprio salário em 55,27%. “Confrontando as normas constitucionais com as leis municipais, evidencia-se claramente que os subsídios do chefe do Executivo e secretários não atendem os comandos constitucionais, pois não foi assegurada sequer a correção da desvalorização monetária ocorrida no período”, justifica-se a prefeita, sem apresentar o mínimo de remorso com a situação dos servidores douradenses.
Outro problema apontado pela chefe do Poder Executivo é que o salário do prefeito é o teto do funcionalismo municipal e isto tem impedido que técnicos bons e capacitados aceitem trabalhar no município.
Além de não ter dinheiro para honrar os compromissos, a atual gestão vem sendo marcada por escândalos de corrupção. João Fava Neto, então secretário municipal de Fazenda, foi preso na Operação Cifra Negro, junto com chefe de licitações, Anilton Garcia de Souza.
No município, quatro vereadores foram presos pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado), que já faz plantão no município com tanta operação de combate à corrupção, ora no legislativo, ora na prefeitura.
O reajuste será analisado pelos vereadores de Dourados. O presidente da Câmara, Alan Guedes (DEM) afirmou que está conversando. “Estamos ouvindo as categorias interessadas e com os secretários municipais que fazem a interlocução representando o Executivo. Mas não existe ainda questão fechada sobre a viabilidade dessa matéria. Por parte da Mesa Diretora da Câmara não existe nada formalizado sobre esse projeto”, informou ao Campo Grande News.
Neste ano, os vereadores de Ribas do Rio Pardo ignoraram o protesto de parte da população e aprovaram o reajuste de 28% no salário de Paulo Tucura (MDB), que passará de R$ 15.563,05 neste ano para R$ 19.920,70 em 2021. A cidade sofre com a falta de medicamentos, de médicos e com a buraqueira nas ruas.
Em Campo Grande, os vereadores aprovaram o reajuste parcelado de 4,17% no salário do prefeito Marquinhos Trad (PSD), da vice-prefeita Adriane Lopes (Patri) e dos secretários municipais.
Só que o reajuste foi imediato, com o vencimento de Marquinhos indo R$ 20.412,42 para R$ 21.263,61. Uma ação popular pede a anulação do reajuste, porque o aumento em salário de prefeitos e vereadores só pode entrar em vigor na legislatura seguinte.
O mesmo ocorreu com os salários de juízes e desembargadores estaduais, que terá acréscimo de 20%. De acordo com o Campo Grande News, oficiais de Justiça estão pagando para trabalhar e estagiários estariam recebendo os salários com atraso.
fonte ojacare.com.br