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CHURRASCARIA

Delegado preso acusado de matar traficante passará por júri popular

O delegado de Polícia Civil, Fernando Araújo da Cruz Junior, que foi preso há nove meses em Corumbá, acusado pelo assassinato do narcotraficante Alfredo Rangel Weber, conhecido por Ganso, em fevereiro passado, deve ser julgado esse ano em um júri popular.

O delegado e a defesa, composta pelo advogado Renê Siufi, tentam provar a sua inocência e falta de provas da acusação. O jornal Capital do Pantanal ouviu a esposa do delegado e dois pecuaristas da região; eles afirmam que Fernando estava longe do traficante quando ele foi esfaqueado durante uma briga.

A acusação alega que o delegado tinha motivos para o assassinato, já que era ameaçado. A defesa aponta que inúmeros policiais da cidade, além de pecuaristas e até um deputado boliviano, também eram ameaçados pelo traficante e que isso era comum.

O  médico que estava na ambulância em que a vítima foi morta não reconheceu o delegado como sendo o atirador.

O advogado, Renê Siufi, diz que seu cliente é inocente e vai provar: “Acredito que ele será levado a júri popular devido à repercussão e pirotecnia feita em cima do caso. Em situações assim é raro o juiz absolver sumariamente. O costume é jogar a absolvição nas mãos dos jurados, e assim evitar qualquer questionamento”, disse Siufi.

Testemunhas

O jornal diz que conversou com dois pecuaristas que estavam no local e teriam presenciado as discussões envolvendo “Ganso” e outros rivais. Roy Jordan Lopez disse que pegou carona com o delegado e que não foi ele quem esfaqueou o traficante.

“Ele [Alfredo] já chegou na associação embriagado e promovendo muito tumulto. Ele ofendeu a integridade de um deputado e outras pessoas que estavam no local. Eu estava na mesa com o delegado momentos antes dele ser esfaqueado e, diante do tumulto, Fernando pegou o filho menor nos braços junto com a mulher e eles saíram para fora do local. Eu peguei carona com eles na caminhonete do pai da Silvia até minha casa. Mas o que chama a atenção é como ele poderia esfaquear alguém e imediatamente depois me oferecer uma carona?”, questionou.

Geovanny Cuellar também inocenta o delegado e diz que antes da prisão não prestou depoimento. “Outra coisa estranha é que não fomos chamados pela polícia brasileira para dar depoimento sobre este caso, apesar de estarmos no local”.

Dados omitidos

Segundo o site Capital do Pantanal, os detalhes da existência de outros suspeitos pela morte do traficante foram omitidos na investigação, além disso, todos os policiais de Corumbá teriam sido terminantemente proibidos de ajudá-lo a provar sua inocência, sob pena de serem presos. Áudio de um policial que circulou na cidade dizia que a prisão havia sido antecipada antes mesmo de iniciada a investigação.

Testemunhas deixaram de ser encontradas e câmeras de vigilância que mostravam o delegado realizando o trajeto de volta para casa com a família não tiveram as imagens solicitadas pela polícia.

O caso

No dia 23 de fevereiro de 2019, Ganso, foi até uma fazenda onde havia uma reunião com uma associação, o delegado estava no local junto a pecuaristas. Testemunhas dizem que o traficante chegou embriagado, causando tumulto e, na briga, ele foi esfaqueado.

Antes da briga, o criminoso chegou a ameaçar um deputado boliviano. Ganso foi socorrido. E, durante o transporte foi atingido por diversos disparos de arma de fogo, ainda dentro da ambulância. O veículo trafegava na altura do pedágio, na Rodovia Ramon Gomez, que liga o Brasil a Bolívia, quando tiros o atingiram provocando a morte.

O delegado Fernando foi acusado pelo assassinato do traficante. Ele e a família recebiam ameaças constantes de Ganso. Conforme o site Capital do Pantanal, o mandado de prisão foi expedido o ano passado pela Comarca de Içara/SC.