O desgaste político isolou Reinaldo Azambuja (PSDB), que ‘sumiu’ nas candidaturas de tucanos e aliados nas eleições municipais de 2020 em Mato Grosso do Sul. A ausência é tamanha, que o governador chegou a pedir licença de uma semana e o vice, Murilo Zauith, assumiu o Governo em plena reta final da campanha.
Denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Reinaldo corre o risco de ser afastado do Governo pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) a qualquer momento. Assim, o paradeiro do governador nesta semana de ‘folga’ é alvo de especulações.
“Como ninguém detalha nada oficialmente, já ouvi até que estaria pescando de novo, como no começo do ano, como se nada estivesse acontecendo. Outros me disseram que ia fazer exame de saúde’, relata um candidato tucano no interior que acha constrangedor o esforço para esconder a imagem do governador nas campanhas do partido.
O Jornal Midiamax acionou oficialmente a assessoria do governador para saber detalhes sobre o afastamento. Oficialmente, o Governo de MS se limitou a informar que a licença de Reinaldo é para tratar de ‘assuntos particulares’.
Vaias no evento de Bolsonaro
No entanto, de certa forma o ‘sumiço’ de Reinaldo é um alívio para os aliados. O governador de Mato Grosso do Sul enfrentou constrangimentos em aparições públicas recentes, como as vaias que o governador denunciado por corrupção recebeu em frente ao presidente Jair Messias Bolsonaro (Sem Partido).
Nem em Maracaju, berço político de Azambuja, o governador embala a campanha do candidato tucano, Marcos Calderan.
A ausência do líder tucano ficou ainda mais evidente após evento de Calderan, no último fim de semana. Com produtores rurais da cidade reunidos – categoria da qual o governador também faz parte, quem subiu ao palanque com o candidato tucano a prefeito foi a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, do Democratas.
A tática que restou foi de discrição total. O tucano não é visto em atos de campanha e nem nos programas eleitorais de aliados no interior de MS ou na Capital, Campo Grande, onde o PSDB não conseguiu emplacar sequer um candidato a vice-prefeito.
A participação do governador tem se limitado a raras fotos em apertos de mão com candidatos do PSDB ou vídeos nas redes sociais. O partido tem 57 nomes na corrida à prefeituras, além de 1.108 concorrentes às Câmaras Municipais.
A reportagem também tentou contato com o presidente do PSDB em Mato Grosso do Sul, Sérgio de Paula, e com a direção estadual do partido. Em ambos os casos, aguarda retorno para comentar o ‘sumiço’ de Reinaldo nas campanhas tucanas e de aliados.
‘Não faz falta’
Para candidatos tucanos ouvidos pela reportagem, o distanciamento de Reinaldo nestas eleições é encarado até com alívio. Outros são indiferentes. O tucano Elton Silva, presidente da Câmara de Vereadores de Chapadão do Sul, e candidato à reeleição, afirma que o governador Reinaldo Azambuja “não faz falta”.
No entanto, alguns correligionários se sentem ‘abandonados’. Laudo Sorrilha, vereador e postulante à reeleição em Maracaju pelo PSDB, diz que “qualquer liderança é importante na campanha de qualquer pessoa”.
Ao invés de Reinaldo, o PSDB tem revezado visitas de outras lideranças aos municípios do interior, como os deputados federais Beto Pereira e Rose Modesto, os estaduais Professor Rinaldo, Paulo Corrêa e Marçal Filho e o secretário de Governo Eduardo Riedel.