Em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, o economista Lúcio Bolonha Funaro cita o pagamento de propina milionária ao empresário Ivanildo da Cunha Miranda, que foi o operador do ex-governador André Puccinelli (PMDB) e do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Além de dividir R$ 9 milhões com cinco integrantes da cúpula do PMDB, ele recebeu R$ 1,5 milhão em propina.
Em depoimento prestado à Força-Tarefa Greenfield, do MPF (Ministério Público Federal) no dia 23 de agosto deste ano, Funaro revelou o esquema de pagamento de propinas na Caixa Econômica Federal.
Conhecido como operador do PMDB, ele revelou o esquema criminoso comandado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), condenado a 14 anos de prisão por corrupção, e pelo presidente Michel Temer (PMDB), acusado de chefiar uma organização criminosa, corrupção passiva e obstrução da Justiça.
Quando o ex-deputado Geddel Vieira Lima era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, graças à atuação da organização criminosa, o Marfrig conseguiu financiamento de R$ 350 milhões.
O dono do frigorífico, Marcos Molina, foi apresentado a Lúcio Funaro por Ivanildo Miranda. Ele cita que conheceu o empresário sul-mato-grossense graças a ele ser o operador de Puccinelli e Azambuja.
Em troca da liberação do financiamento de R$ 350 milhões pela Caixa, o Marfrig pagou R$ 9 milhões em propinas para o quinteto: Eduardo Cunha, Henrique Alves (PMDB), Geddel, Funaro e Ivanildo Miranda. Este dinheiro foi repassado em espécie diretamente a Lúcio Funaro. Ele revelou ainda que o doleiro Cláudio de Souza, conhecido como Tony, o ajudou a guardar a fortuna.
Trecho da delação premiada, em que Lúcio Funaro fala do pagamento de R$ 250 milhões em propinas ao grupo de Cunha e cita empresário de MS
Além deste valor, o economista conta que repassou mais R$ 1,5 milhão diretamente a Ivanildo como parte da propina paga pelo financiamento obtido pela empresa.
Dono de cervejaria em Corumbá, Ivanildo Miranda foi o tesoureiro oficial da campanha a governador de Reinaldo Azambuja em 2014.
Antes, de acordo com a Polícia Federal, entre 2006 e 2013, ele teria sido o operador de Puccinelli. Ele acabou sendo substituído pelo então secretário adjunto de Fazenda, André Cance.
Como os processos tramitam em sigilo, ainda não se sabe se o ministro Edson Fachin, que homologou a delação de Funaro, já determinou a abertura de inquérito contra Miranda.
Funaro chegou a citar que citaria Azambuja na delação premiada. No entanto, nos documentos divulgados pela Câmara dos Deputados, a única referência ao governador envolve o seu operador financeiro. Funaro não menciona Reinaldo nem André como destinatários do esquema.
Os dois já são investigados pela Polícia Federal, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, pelo suposto pagamento de R$ 150 milhões em propinas pela JBS, sendo R$ 112 milhões para Puccinelli e R$ 38,4 milhões a Azambuja.
O tucano e o peemedebista negam a acusação e garantem que nunca cobraram vantagens indevidas.
Delação explosiva de Lúcio Funaro expõe esquema comandado pelo presidente da República, Michel Temer, e seus amigos, como Henrique Alves, Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, todos presos