Em Mato Grosso do Sul, 583.288 eleitores votaram em branco, anularam o voto ou se abstiveram no 2º turno. Em relação a 2014, quando houve disputa acirrada, o número de votos nulos triplicou.

Campo Grande teve o menor índice de abstenção no segundo turno em MS, 13%, segundo TSE (Foto: Arquivo)

Bombardeado pelas denúncias de corrupção contra os candidatos Reinaldo Azambuja (PSDB) e o juiz Odilon de Oliveira (PDT), o eleitor não viu opção e abriu mão da escolha.

De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 427.646 eleitores (22,78%) não compareceram para votar no segundo turno no Estado. Apesar do número expressivo, o total é inferior à abstenção de 23,13% contabilizada na eleição de 2014, quando a disputa era entre Reinaldo e o então senador Delcídio do Amaral.

No entanto, o número de votos nulos teve aumento de 223%, passando de 35 mil, há quatro anos, para 116.897 neste ano. Parte do eleitorado se sentiu motivada a protestar contra os dois nomes. Infelizmente, não faltou motivos.

Reinaldo era alvo de três inquéritos no STJ (Superior Tribunal de Justiça). No dia 24 deste mês, ele se livrou de um, o que o acusava de integrar esquema de cobrança de propina de até R$ 500 mil, que foi tema de reportagem do Fantástico, da TV Globo. Por 11 votos a zero, a corte arquivou o processo por falta de provas.

O segundo é referente ao suposto pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas pela JBS, que teria causado prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres estaduais. O ministro Felix Fischer, do STJ, determinou o bloqueio de R$ 277 milhões da família do governador. Esse caso levou a deflagração da Operação Vostok, da Polícia Federal, que prendeu 14 pessoas e cumpriu mandados de busca e apreensão no apartamento de Reinaldo e na Governadoria.

O terceiro apura o suposto roubo de R$ 270 mil em propinas e o plano para matar o corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco. Ele estaria ameaçando fazer delação premiada. Reinaldo tem enfatizado que é inocente e não passa de vítima de pilantras e sonegadores.

O juiz Odilon de Oliveira foi bombardeado pela proposta de delação do primo e ex-chefe de gabinete por 21 anos, Jedeão de Oliveira, que o acusou desde inflar dados sobre apreensões até venda de sentenças. Ele negou a acusação e destacou que foi o responsável pela demissão e denúncia do parente.

O magistrado ainda sofreu o desgaste da aliança com o MDB, do ex-governador André Puccinelli (MDB), preso desde 20 de julho deste ano na Operação Lama Asfáltica. Na última semana, jornais, sites e a campanha tucana exploraram imagens da visita do filho do magistrado, o vereador Odilon Júnior (PDT) ao emedebista no presídio.

Essas denúncias causaram frustração do eleitor, que acabou optando em se abster ou votar nulo.

O maior percentual de abstenção ocorreu em Porto Murtinho, cidade do ex-governador Zeca do PT, onde 40% dos eleitores não compareceram às urnas. O segundo maior percentual ocorreu em Água Clara, onde 37,32% se abstiveram. O menor percentual de abstenção, de 13,01%, foi registrado em Campo Grande.

Em 29 municípios, o total de votos nulos, brancos e abstenções superaram o número do vencedor. Em Porto Murtinho, 3.326 eleitores se abstiveram ou votaram nulo, contra 2.431 votos de Reinaldo, o vencedor na cidade.

Em Três Lagoas, terceiro maior colégio eleitoral, 29,6 mil se abstiveram e votaram nulo ou branco, enquanto o vencedor no município, juiz Odilon teve 27,1 mil votos.

fonte ojacare.com.br