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CHURRASCARIA

Governo pagou seis meses de licença-prêmio a Hashioka, autor do “decreto da crise”

Além de congelar os salários dos servidores, o secretário estadual de Administração e Desburocratização, Roberto Hashioka, baixou decreto proibindo o pagamento em dinheiro de futuras licenças-prêmios. No entanto, em janeiro do ano passado, ele obteve autorização e acabou recebendo seis meses da licença especial não gozada.

A conversão da licença-prêmio de Hashioka em pecúnia foi autorizada no dia 30 de janeiro de 2018 então secretário de Administração, Carlos Alberto Assis. Conforme o Portal da Transparência, o pagamento ocorreu no mês de janeiro mesmo, considerando-se os R$ 70,4 mil de vantagens eventuais depositados na conta do secretário naquele mês.

Em janeiro do ano passado, somando-se a aposentadoria de fiscal de obras públicas da Agesul e o salário de presidente do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), o Governo do Estado lhe pagou R$ 121.961,42. A rapidez na inclusão do benefício da folha chamou a atenção de alguns funcionários, já que a folha é fechada antes do dia 20 e o secretário acabou beneficiado pelo pagamento da licença-prêmio autorizada no dia 30.

A Secretaria Estadual de Administração confirmou o pagamento de seis meses de licença-prêmio, mas negou que o pagamento foi feito em janeiro. “Importante constar: o pagamento da referida licença-prêmio não (ocorreu na) data de janeiro, como mencionado, e sim, a partir de março de 2018. No período da indenização recebida, o servidor Roberto Hashioka já estava aposentado”, esclareceu.

Contudo, o Portal da Transparência não informa nenhum pagamento de vantagens eventuais nem extras a Roberto Hashioka no mês de março do ano passado. O único pagamento expressivo ocorreu em dezembro do ano passado, quando os vencimentos do secretário somaram R$ 118.900,40.

Secretário de Administração recebeu R$ 92 mil no início deste ano e mais de R$ 100 mil no início do ano passado, ele não tem motivo para reclamar da crise. E ainda se aposentou com 60 anos (Foto: Arquivo)

Em janeiro deste ano, em decorrência da rescisão do cargo no Detran, ele recebeu os R$ 92 mil, que causaram polêmica ao serem replicados a exaustão pelos servidores. Além do reajuste zero, o funcionalismo público estadual quase perdeu o abono de R$ 200 em decorrência da crise nos cofres estaduais.

Roberto Hashioka Soler se aposentou aos 60 anos de idade em 1º de dezembro de 2017 com salário de R$ 22,2 mil. Ele teria contribuído com a previdência estadual por 36 anos. Neste período, ele se afastou do cargo, pelo menos, por 12 anos para exercer o cargo de prefeito de Nova Andradina.

Caso decidisse esperar a Reforma da Previdência, ele poderia ser obrigado a esperar mais um tempo, já que o Governo propõe aposentadoria aos 65 anos de idade, e poderia perder o direito ao salário integral.

Como não gozou a licença-prêmio a que tinha direito, Hashioka pediu a conversão em pecúnia e foi autorizado. Na semana passada, ele baixou decreto que obriga os servidores a gozarem o benefício porque não há dinheiro disponível para pagar o benefício.

Decreto do antecessor, Carlos Alberto de Assis, permitindo o pagamento em dinheiro da licença-prêmio (Foto: Reprodução)

“De acordo com a nova regra, a partir de agora e por conta da situação econômica do Estado, a determinação é para que os servidores gozem as licenças-prêmios, evitando assim a indenização, na futura aposentadoria. Importante constar que, os já aposentados com direito à licença serão indenizados”, ressaltou o Governo, em nota.

A Secretaria Estadual de Administração recebeu 36 pedidos de licenças não gozadas, que poderão ser pagas em dinheiro.

A crise marcou o primeiro mandato de Reinaldo Azambuja (PSDB), que só concedeu 6,04% de reajuste aos servidores estaduais. O segundo mandato começa com crise maior, apesar das medidas amargas adotadas no primeiro, como a Reforma da Previdência, reestruturação administrativa e até contratação de consultoria do MBC (Movimento Brasil Competitivo).

O governador é um dos principais defensores da Nova Previdência, proposta por Jair Bolsonaro (PSL) e da aprovação pelo Supremo Tribunal Federal da proposta que permite a redução dos salários com diminuição da jornada de trabalho.

 

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