Uma loja em Ciudad del Este, na fronteira do Paraguai com o Brasil, foi fechada temporariamente por autoridades municipais por vender bonecas transexuais.
De acordo com a prefeita, Sandra McLeod, a decisão foi tomada porque o município se declarou “pró-vida e família” ano passado, e o brinquedo representava uma afronta aos valores adotados pela cidade.
O movimento Pró-vida é organizado pela Igreja Católica, com apoio de outras religiões, e rechaça o ensinamento da diversidade de gênero a crianças e adolescentes.
A gerente da loja, Esther Bazán, negou que a boneca fosse transgênero e informou que os advogados da empresa irão apelas da decisão.
— Nós compramos as bonecas da China. Elas têm características e roupas femininas, mas possuem um apêndice no púbis que se parece com um órgão sexual masculino — explicou a gerente, segundo a Associated Press. — Os clientes são avisados, antes da compra, sobre as características da boneca. Os turistas brasileiros e argentinos as levam dando risadas.
Porém, um cliente paraguaio se negou a trocar as bonecas que havia comprado por outros produtos e exigiu, por meio de declarações à imprensa, que a loja pedisse perdão pela venda.
Apesar de a loja ter sido fechada, o Ministro da Infância e Adolescência, Ricardo González, afirmou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira que no Paraguai “não existe uma regulação sobre a venda de brinquedos, como as bonecas, nem mesmo de brinquedos bélicos”.
O advogado da prefeitura, Christian Cabral, justificou o fechamento da loja, afirmando que o estabelecimento “não pagou o imposto comercial deste ano e cometeu uma falha administrativa ao vender brinquedos, enquanto só estava habilitado a comercializar produtos eletrônicos”.
Em setembro do ano passado, o Paraguai proibiu o ensino de diversidade sexual e igualdade de gênero nas escolas públicas, indo contra recomendação do Unicef sobre o tema, argumentando que a constituição do país estabelece que a família é formada apenas pelo matrimônio entre um homem e uma mulher.