Ação no centro de Dourados aconteceu uma semana antes do feriado de Corpus Christi, após furto de ossadas chamarem atenção em MS – Reprodução/Redes Sociais
Mais recente, após reunião com representantes na sede do Ministério Público Federal, o MPF, através do procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, instaurou um procedimento para apurar os fatos.
Como narram os denunciantes que representam os terreiros douradenses, após reunião para o ato público, que contou com marcha e cantos entoados em defesa da paz, pelas ruas da região central de Dourados, o volume de episódios de ameaças e violências pelas redes sociais só aumentou.
Pelo menos 16 comunidades se reuniram no ato, que eles frisam ter sido realizado após esses povos serem alvo de “uma série de comentários proferidos por meio de perfis nas redes sociais, e que começaram a ser publicados após a ampla repercussão de episódios de violações de túmulos em cemitérios da região Sul do Estado”, por sua vez, investigados pela Polícia, expõe o MPF em nota.
Discurso de ódio
Conforme acompanhado pela mídia local, há cerca de uma semana, a caminhada que teve concentração na Praça Antônio João foi descrita como “uma resposta efetiva para a sociedade de Dourados e um basta”, distante menos de uma semana das ações católicas voltadas para celebrar o feriado de Corpus Christi.
Todo o ódio nas redes sociais, contra religiosos de matrizes africanas, ganhou maiores proporções após caso de furto de ossadas – como a de um bebê do cemitério municipal São Vicente de Paula, em Ponta Porã, no sábado (18), como publicou o Correio do Estado – ganhar repercussão na mídia.
Entre os comentários e publicações a serem investigados pelo MPF, aparece o pedido de abertura de notícia crime contra a postagem que associa uma empresária douradense a atos de canibalismo.
“Devem ser os macumbeiros para fazer algum trabalho de destruição”, e “(…) sim e ainda come carne humana”, são os comentários feitos inclusive por perfil empresarial.
Intolerância
Há tempos as religiões de matrizes africanas são alvo de discursos que indicam uma certa intolerância religiosa.
Como exemplo, o caso do padre católico da Paróquia São Vicente de Paulo, em Nova Andradina, Paulo Santos Silva – que também tornou-se alvo do MPF – evidencia a intolerância voltada às religiões de matrizes africanas.
Paulos Santos foi alvo de representação, por parte deputado estadual do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (PT-RS), Leonel Guterres Radde, após associar em uma missa em MS que as tragédias que ocorreram naquele Estado foram devido à ‘proliferação de centros de macumba’.
Conforme o artigo 208 do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei 2.848/1940), é tipificado como “crime” o seguinte ato:
“Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”, cita o texto.