Com a mudança de hábitos por conta da pandemia do coronavírus e o mercado internacional favorável, as usinas de Mato Grosso do Sul aumentaram 98% a produção de açúcar, saltando de 627 mil toneladas no ano passado para 1,2 milhão em 2020. Já a destinação da cana-de-açúcar para produção de etanol caiu 20% em relação a 2019.
Este ano, o setor privilegiou o açúcar em razão dos preços mais favoráveis em reais em meio a uma disparada do dólar. O presidente da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda Filho. “Neste ano, a retração do consumo de combustíveis e as condições mais atrativas no mercado internacional do açúcar fez com que o perfil de produção no Estado se reajustasse”, explicou.
Entretanto, a maior parte da safra do estado ainda é destinada ao combustível, que “absorve cerca de 70% da cana produzida”, conforme o presidente da Biosul.
Conforme Hollanda, foram dois fatores que contribuíram para a redução da produção do etanol em MS. “No início da pandemia, houve redução de consumo muito grande. Além disso, a guerra comercial derrubou o preço do barril do petróleo [fazendo a gasolina ficar mais competitiva]”, esclarece.
Por outro lado, nos últimos dois meses o aumento do preço da gasolina fez com que o etanol voltasse a se tornar competitivo. “Hoje, a gente vê que o etanol está voltando à normalidade. Ano passado, a gente tinha produzido muito etanol”, ressalta Hollanda.
Atualmente, todas as 18 unidades sucroenergéticas em operação no Estado produzem etanol, dessas dez são produtoras de açúcar.
Moagem da cana
A safra de cana-de-açúcar somou 32,3 milhões de toneladas até 15 de setembro de 2020 em Mato Grosso do Sul, quantidade 8% menor comparada ao mesmo período da temporada anterior. A qualidade da matéria-prima, no entanto, aumentou em 5%.
Segundo o presidente da Biosul, isso significa que, na prática, tem mais açúcar por tonelada de cana. “Essa qualidade equilibrou a redução da produção”, pontuou.
Geração de emprego
Apesar da safra menor, as indústrias produtoras de açúcar e etanol foram responsáveis por 866 novos empregos em Mato Grosso do Sul. Desse total, a produção de açúcar foi responsável pela contratação de 629 novos colaboradores, enquanto a fabricação de etanol abriu 237 oportunidades.
O saldo corresponde a 16% do total de vagas formais criadas pelo setor industrial, o maior empregador do Estado, conforme aponta a Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul).
O setor sucroenergético é responsável por mais de 30 mil empregos diretos no Estado (Rais/CAGED/Biosul).
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