Os bandidos passaram a usar políticos para dar o golpe do telefone celular, seja pedindo transferência ou pix. Três pré-candidatos a governador de Mato Grosso do Sul já foram vítimas na atual campanha. Um parente da advogada Giselle Marques (PT) caiu no golpe e perdeu R$ 2 mil nesta terça-feira (3). Já os parentes do ex-deputado federal Geraldo Resende (PSDB) perderam aproximadamente 20 mil há quatro anos.
Nem o ex-secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), escapou da ofensiva dos criminosos. O golpe é semelhante.
Eles usam a fotografia da vítima, procuram um parente ou amigo pedindo para anotar o novo número e pedem o dinheiro para quitar compromisso de última hora.“Não clonaram (o número), usaram um número com uma foto minha e pediram dinheiro para minha irmã que mora no Rio Grande do Sul”, contou o deputado. Eles pediram R$ 12 mil. “Estou precisando de um favor. Preciso fazer um pagamento, mas não posso fazer da minha conta. Coisa de política”, começa o golpista.
Em seguida, ele pede o dinheiro. “Um amigo está fazendo uma ação social e vou ajudá-lo. Consegue fazer pra mim? Até mais tarde acertamos! O valor é 12.000$”, afirmou. “Esse é o Pix da esposa dele. Consegue fazer? Ok. O rapaz está aqui na assembleia aguardando”, concluiu o bandido. Os criminosos são tão espertos que sabem até detalhes da vida das vítimas. A irmã de Barbosinha não caiu no golpe porque ligou para o número do ex-secretário e se livrou do golpe.
A mesma sorte não teve um parente da candidata a governadora do PT Giselle Marques. O modus operandi foi o mesmo. Usando foto da candidata, o bandido disse que o telefone deu problema e ela estava usando um outro número. “Preciso fazer uma doação para campanha, mais não posso fazer da minha conta. Consegue fazer isso pra mim e eu te repasso o valor”, contou o bandido. O parente caiu no golpe e perdeu R$ 2 mil.
Na semana passada, o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB), foi vítima de golpe semelhante. Usando a fotografia, o criminoso alertava que tinha trocado de número e pediu colaboração para a campanha. O ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), também alertou eleitores, amigos e familiares de que teve o nome usado para dar golpes.
De acordo com o delegado Juliano Cortez Toledo, especialista em crimes cibernéticos e lotado na 1ª Delegacia da Polícia Civil na Capital, no golpe mais comum, “o golpista usa qualquer número de telefone no WhatsApp e apenas coloca a fotografia da pessoa pela qual ele pretende se passar, a partir daí o golpista pede dinheiro para as vítimas se passando por aquela pessoa”.
Neste caso, conforme Toledo, a principal recomendação é que a pessoa faça ligação de vídeo para confirmar a identidade antes de fazer qualquer depósito, transferência ou Pix.
O ex-secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, já foi vítima três vezes de golpistas. Na primeira, há quatro anos, dois parentes de Brasília caíram no golpe e perderam R$ 20 mil. No entanto, esse caso foi mais complexo, porque os bandidos clonaram o telefone do tucano .
Resende contou que os parentes não conseguiram contato porque estava em campanha em Guia Lopes da Laguna. Os criminosos alegaram que ele precisava quitar algumas contas e usaram contas do Maranhã e outros estados do Nordeste para receber os R$ 20 mil.
Em fevereiro do ano passado, ele foi vítima novamente da clonagem do WhatsApp. O golpista se passou por integrante do Ministério da Saúde e passou a pedir dinheiro em nome do então secretário pedindo ajuda para pagar uma conta. Até o Midiamax foi procurado para transferir R$ 1.980 porque o limite de transferência do ex-deputado tinha excedido e ele iria ressarcir no dia seguinte.
Em julho do ano passado, novamente o ex-secretário voltou a ter o nome usado para supostamente arrecadar dinheiro para campanha por meio da venda de convites para um jantar. De novo, o ex-secretário acionou as autoridades e alertou à sociedade por meio de jornais sobre o novo golpe.
“Isso pode acontecer de várias formas: subtração de linha telefônica (sim swap), neste caso a própria linha telefônica para de funcionar no telefone da vítima; ou somente migrando a conta do WhatsApp para outro telefone (o golpista usa de engenharia social para que enganar a vítima, fazendo-a clicar num link ou revelar um código que permitirá transferir o WhatsApp do telefone da vítima para outro aparelho)”, explicou o delegado.
No Instagram (confira aqui), o delegado Juliano Toledo dá dicas para não cair no golpe. Confira abaixo seis sugestões para aumentar a segurança e evitar ser mais uma vítima dos criminosos:
- Ative a segurança em dois fatores
- Deixe sua fotografia visível somente para os seus contatos
- Desconecte dispositivo ao fechar o WhatsApp Web
- Na dúvida, faça chamada de vídeo para confirmar quem está do outro lado da linha
- Não pague intermediário ou terceira pessoa (golpe OLX).