Dez horas antes de preso nesta segunda-feira (26), pelo Gaeco, Carlos Anibal Ruso Pedrozo (PSDB), 60, prefeito de Ladário, discursava para ao menos mil pessoas que participavam da cerimônia de inauguração, em Corumbá, município vizinho, do décimo hospital da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul). Ao fim da fala, Ruso, como é mais conhecido na região, recebeu aplausos à exaustão.
Ele disse aos servidores municipais que assistiam a solenidade que ia firmar um convênio com a Cassems para que o funcionalismo de Ladário também pudesse ser atendido no hospital novo, equipado com aparelhos que não têm no município, como de ressonância magnética, por exemplo.
Ruso, cujo salário bruto é de R$ 18 mil mensais, é apontado pelo Gaeco de ser o chefe de uma organização criminosa que pagava propina a sete dos 11 vereadores e um secretário municipal. A trama assim consistia: para não ser questionado e que seus projetos fossem sempre aprovados pelo legislativo municipal, o prefeito pagava aos vereadores, que recebem R$ 6 mil de salário, uma mensalinho. Os valores ainda não foram divulgados pelos investigadores.
Foram encarcerados, segundo o Gaeco, além do prefeito tucano, o secretário municipal de Educação, Helder Paes dos Santos Botelho, e o vereadores Vagner Gonçalves, André Franco Caffaro, Agnaldo dos Santos Silva Júnior, Augusto de Campos, Lilia Maria de Moraes, conhecida como pastora Lilia, Osvalmir Nunes da Silva e Paulo Rogério Feliciano Barbosa.
De acordo com o portal da Transparência do município, o prefeito Ruso recebe mensalmente R$ 18 mil (bruto 13.469,11).
Já a remuneração mensal dos vereadores, em torno de R$ 6 mil bruto. O presidente do legislativo de Ladário recebe R$ 7,5 mil por mês e o primeiro-secretário, R$ 7 mil – os dois não foram presos.
Ainda de acordo com o portal da Transparência, de janeiro a setembro deste ano, a Câmara dos Vereadores da cidade consumiu R$ 1.522.954,92.
Ladarense de 28 anos de idade que trabalha em Corumbá, mas não autorizou o TopMídiaNews publicar seu nome, disse que a classe política da cidade onde nasceu é “nojenta há tempos”.
“Rapaz, a população não tem emprego, e se tem recebe uma miséria, e ainda temos de suportar esses caras. Uns três anos atrás, lembro-me, a justiça bloqueou os bens dos vereadores porque eles ficavam com parte do dinheiro que recebiam como diárias, quando viajavam sei lá pra quê”.
Acrescentou o ladarense: “tomara que ninguém mais volte para os cargos, nem vereadores nem o prefeito, outro que tem cara de corrupto”.
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