Protagonista de escândalos de corrupção com repercussão nacional, Reinaldo Azambuja da Silva, 55 anos, foi reeleito com 52,35% dos votos e se tornará o 15º governador de Mato Grosso do Sul.
Ele venceu o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT), neófito na política, e conseguiu ser exceção no País, onde a onda contra a corrupção levou a derrota de outros tucanos.
Reinaldo é agropecuarista e está na política desde 1996, quando se elegeu prefeito de Maracaju pela primeira vez. Após dois mandatos no comando da cidade, ele foi deputado estadual (2006) e deputado federal (2010). Em 2014, ele acabou sendo candidato a governador porque o PSDB e o PT vetaram aliança costurado com Delcídio do Amaral, na qual disputaria o Senado. Ele venceu o então petista no segundo turno e tornou-se o primeiro tucano a comandar o Estado de Mato Grosso do Sul.
Veja mais:
Sete pesquisas: empate técnico, reeleição avassaladora de Reinaldo e vitória de Odilon
Odilon cresce em pesquisa, Ibope repete dados de 2014 e vencedor vira incógnita em MS
Novas pesquisas apontam queda de vantagem de Reinaldo e até virada de Odilon
Com credibilidade abalada no 1º turno, institutos dão vantagem de 5,6% a 14% a Reinaldo
Estratégia falha, pesquisas furam e Reinaldo enfrentará Odilon no 2º turno
O segundo político sul-mato-grossense mais rico, com patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 38,6 milhões, Reinaldo foi eleito pela primeira vez com discurso duro contra a corrupção, ineficiência da administração estadual e aumento de impostos.
Resultado da eleição em MS |
||
Reinaldo Azambuja (PSDB) | 676.544 | 52,35% |
Juiz Odilon de Oliveira (PDT) | 615.751 | 47,65% |
Brancos | 38.762 | 2,68% |
Nulos | 116.762 | 8,06% |
Abstenção | 427.105 | 22,78% |
Em decorrência da crise econômica, Reinaldo contrariou as promessas de campanha e foi o responsável pelo aumento de 40% no IPVA, que passou de 2,5% para 3,5% e estendeu a cobrança do tributo para veículos de 15 para 20 anos de fabricação. Ele ainda dobrou o ITCD, o tributo sobre a herança, de 3% para 6%.
No entanto, a maior surpresa foi a delação premiada da JBS, homologada pelo Supremo Tribunal Federal em maio do ano passado, que o acusou de receber R$ 67,7 milhões em propinas em troca de incentivos.
Conforme os delatores, o tucano manteve a pratica iniciada na gestão de Zeca do PT e que teve continuidade na administração de André Puccinelli (MDB). O tucano alegou inocência e tentou anular a delação no STF, mas o pedido foi rejeitado por unanimidade pelo plenário.
Em 12 de setembro deste ano, a 20 dias do primeiro turno, o Superior Tribunal de Justiça determinou a prisão de 14 pessoas, inclusive do filho do governador, o advogado Rodrigo Souza e Silva, e o cumprimento pela Polícia Federal de mandados de busca e apreensão no apartamento de Reinaldo e na Governadoria. O ministro Felix Fischer, do STJ, ainda determinou o bloqueio de R$ 277 milhões do governador e sua família.
- Os governadores de Mato Grosso Do Sul
- Harry Amorim Costa (Arena), indicado
- Marcelo Miranda (PDS),indicado
- Pedro Pedrossian (PDS), indicado
- Wilson Barbosa Martins (PMDB), eleito
- Ramez Tebet (PMDB), herdou cargo
- Marcelo Miranda (PMDB), eleito
- Pedro Pedrossian (PTB), eleito
- Wilson Barbosa Martins (PMDB), eleito
- Zeca do PT, eleito
- Zeca do PT, reeleito
- André Puccinelli (MDB), eleito
- André Puccinelli (MDB), reeleito
- Reinaldo Azambuja (PSDB), eleito
- Reinaldo Azambuja (PSDB), reeleito
Na quarta-feira, 24, Reinaldo conseguiu se livrar de outra denúncia que teve repercussão nacional. Em 28 de maio de 2017, o Fantástico, da TV Globo, veiculou reportagem acusando o tucano de ser beneficiado pelo suposto esquema de cobrança de até R$ 500 mil em propina para manter incentivos fiscais.
A denúncia foi retirada pelo autor da acusação, o empresário José Alberto Berger, que restringiu o golpe ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco. A reviravolta levou o STJ a absolver o governador por 11 votos a zero.
O placar serviu de propaganda e atestado de inocência de todas as denúncias na reta final do segundo turno.
O governador enfrentou a fúria de parte dos servidores públicos, que só tiveram 6,07% de reajuste em quatro anos. As entidades alegam que a defasagem salarial na gestão tucana chegou a 23,44%.
Outro tema controversa foi a Reforma da Previdência, aprovada por 13 dos 24 deputados estaduais, sob escolta do Batalhão de Choque, em novembro do ano passado. Reinaldo elevou a alíquota previdenciária de 11% para 14%. Ele assegurou que a medida foi necessária para evitar a quebradeira do Estado.
Durante a campanha pela reeleição, o governador enfatizou que teve responsabilidade e coragem para adotar as medidas amargas e necessárias para manter o equilíbrio das finanças públicas.
Ele imitou o presidente Michel Temer (MDB) e aprovou a lei do teto dos gastos públicos por 10 anos, o que restringe as despesas e os investimentos até 2028.
Para a campanha pela reeleição, Reinaldo contou com a sorte, já que o principal adversário, André Puccinelli, foi preso no dia 20 de julho deste ano na Operação Lama Asfáltica, e desistiu de disputar a sucessão estadual pela terceira vez.
Ele conseguiu reunir o maior arco de alianças do atual pleito, ao contar com 12 partidos no primeiro turno, e o apoio da maior parte dos 79 prefeitos, inclusive Marquinhos Trad (PSD), da Capital.
Para desgastar o principal adversário, o juiz Odilon, ele usou a proposta de delação premiada do ex-chefe da gabinete da 3ª Vara, Jedeão de Oliveira, que acusou o pedetista de venda de sentenças e de inflar dados sobre apreensões.
O tucano ainda usou o apoio do MDB, de Puccinelli, para desgastar o magistrado, que tinha prometido não se aliar aos acusados de corrupção. Na última semana da campanha, imagens do coordenador da campanha pedetista e filho do juiz, o vereador Odilon Júnior (PDT), foram usadas para desgastar a campanha adversária.
A vitória de Reinaldo foi prevista por seis dos sete institutos de pesquisa. O único que errou foi o Ipexx Brasil, que cravou a vitória do juiz Odilon por 53,36% a 46,64%.
O maior entusiasmado pela reeleição de Reinaldo foi o Ipems, que chutou 58,4% a 41,6%, mas acabou errando porque o resultado ficou fora da margem de erro de três pontos.
fonte :.ojacare.com.br/