O PSDB foi à Justiça contra os outdoors espalhados pela cidade pelo pré-candidato a senador Chico Maia (Pode), da coligação do juiz federal Odilon de Oliveira (PDT).
Em rápido contra ataque, o produtor rural e empresário decidiu usar o mesmo espaço para atacar o governador Reinaldo Azambuja, investigado em dois inquéritos no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
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Só que o pré-candidato tucano, o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Miglioli, ainda patina nas pesquisas e disputa a lanterna com outros desconhecidos na corrida eleitoral. Ele sonha repetir a trajetória de Delcídio do Amaral, que ocupou o mesmo cargo e teve o apoio do então governador Zeca do PT para ser eleito senador pela primeira vez em 2002.
Maia decidiu ocupar 15 outdoors que não tinham publicidade para divulgar a vaquinha, forma que os candidatos terão para financiar a atual campanha eleitoral. Como o PSDB denunciou suposto abuso de poder econômico, ele decidiu contra atacar.
Nos últimos dias, o campo-grandense foi surpreendido com os espaços ocupados com a frase: “Alô STJ, o governador delatado pela JBS será julgado quando?”. O objetivo é lembrar a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do conglomerado da carne, de que teriam pago R$ 38,4 milhões em propinas ao tucano em troca da concessão de incentivos fiscais.
O pré-candidato do Podemos assumiu a autoria dos ataques. Ele disse que vinha promovendo campanha propositiva e usou o mesmo expediente de outros pré-candidatos. O procurador Sérgio Harfouche (PSC) usa outdoors para divulgar programa de entrevistas. O ex-presidente da Funtrab, Wilton Acosta (PRB), também usa o mesmo recurso para reforçar a campanha a deputado federal.
Como não houve sinal de recuou dos tucanos, Maia decidiu cobrir 10 outdoors com os ataques ao governador. “Estou cobrando como cidadão, a denúncia foi feita há um ano e não acontece nada?”, indigna-se o pré-candidato da oposição.
“A lei é só para o Lula?”, pergunta, lembrando o ex-presidente petista, preso em Curitiba (PR) após ser condenado a 12 anos pelo suposto triplex no Guarujá (SP). “O Lula foi condenado por R$ 2 milhões, o Reinaldo é denunciado por R$ 38 milhões, dá para comprar o prédio inteiro do triplex do Lula”, acusa.
Sobre a acusação de abuso de poder econômico, que começou a ser investigada pelo promotor eleitoral Marcos Alex Vera de Oliveira, ele diz não procede. “Gastei R$ 1,5 mil”, garante. “O Reinaldo gasta R$ 10 milhões com mídia por mês, quem comete abuso com o poder econômico?”, questiona.
Maia defende mutirão do Poder Judiciário para investigar as denúncias de corrupção e julgar os acusados antes das eleições. Azambuja é alvo de dois inquéritos no STJ. Além da delação da JBS,ele é acusado de integrar esquema de cobrança de propina de empresas para manter incentivos fiscais.
A utilização de outdoor se transformou na grande novidade da pré-campanha eleitoral. O presidencial Jair Bolsonaro (PSL) é famoso pela utilização dos espaços públicos e até pede voto. Ele já foi denunciado pelos outdoors, mas obteve o aval do Tribunal Superior Eleitoral. Luiz Fux, presidente do TSE, negou a concessão de liminar para retirar os outdoors de Bolsonaro.
Chico Maia recorreu ao mesmo expediente para divulgar palestras.
Miglioli tenta sair da lanterna recorrendo a entrevistas a jornais e sites, nas quais fala sobre o trabalho realizado no Governo do Estado.
O mais curioso é que os pré-candidatos Nelsinho Trad (PTB) e Zeca do PT, líderes das pesquisas de opinião e favoritos na disputa deste ano, ainda não recorreram ao outdoor para divulgar jingle, palestra ou programa de entrevista.
Só a Justiça Eleitoral não enxerga campanha na atual fase da disputa.
Tucano pode acionar pré-candidato por propaganda negativa
A assessoria jurídica do PSDB analisa a hipótese de acionar Chico Maia por propaganda negativa, no caso dos espaços cobrando o STJ para apurar a delação da JBS.
Conforme advogado Márcio Torres, o mecanismo é previsto na legislação eleitoral.
Sobre a representação contra Maia pelos outdoors espalhados na cidade, ele explicou que foi feita representação por propaganda antecipada, também vetada pela legislação.
O pedido de investigação foi feito diretamente no Tribunal Regional Eleitoral. De acordo com Torres, o procedimento é diferente do instaurado pelo promotor Marcos Alex, que apura eventual abuso de poder econômico, que também pode levar à cassação da candidatura de Maia.
(MATÉRIA EDITADA PARA ACRÉSCIMO ÀS 17H26 DE TERÇA-FEIRA, 26 DE JUNHO DE 2018)