Em três meses a força-tarefa da Lama Asfáltica ingressou com seis ações contra o ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PTB), empreiteiras e integrantes da gestão do então peemedebista. Todos os processos são relacionados a suposto esquema para desvio de dinheiro público por meio do serviço de tapa-buraco executado entre 2010 e 2012.
As iniciais trazem basicamente as mesmas informações de como foi arquitetado o plano para elaborar cerca de 30 contratos que custaram aos cofres da cidade mais de R$ 372 milhões até janeiro de 2015. Em contrapartida, mesmo diante do valor estratosférico, conforme apuração dos promotores de Justiça, o serviço prestado para teoricamente reparar o asfalto das vias, era feito de forma precária.
Por se tratar de investigação sobre várias empreiteiras, o MPE-MS (Ministério Público Estadual) achou por bem dividir as ações, totalizando seis até o momento. Já foram acionadas a Unipav Engenharia, Anfer Construções e Comércio, Enerpav G.S, Wala Engenharia, Asfaltec Engenharia, Equipe Engenharia e Usimix Ltda.
Esta última aparece em outros dois processos, mas nessa quinta-feira (14) foi ingressado um só para ela. Conforme os autos, a referida companhia faturou até março de 2015 mais de R$ 11,2 milhões em contratos firmados com a Prefeitura.
Em resumo, a força-tarefa aponta em todas as ações esquema de contratação de empreiteiras que venceram licitação por preencherem requisitos determinados pelo Executivo de forma a excluir a concorrência. Exemplo disso era a exigência de declaração de usina de CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente), fato que “propiciou a formação de grupo exclusivo de empreiteiras, vinculadas a determinadas usinas, e viabilizou o controle abusivo de preços, o que fica comprovado ao se observar o valor das propostas vencedoras”.
Além disso, o suposto esquema permitiu que preços de bens e de prestação de serviços fossem estabelecidos por ajustes ou acordo de grupo econômico, possibilitando a existência de monopólio, ou que se eliminasse, total ou parcialmente, a concorrência.
Depois da fase licitatória, a segunda parte de plano consistia na má-execução dos serviços prestados pelas companhias e com valores elevados. Os promotores Adriano Lobo, Thalys Franklyn, Fernando Zaupa , Tiago Di Giulio e Cristiane Mourão apontam existência de flagrante de sobrepreço e falsificação de medições, “que implicou o pagamento de serviços não realizados e/ou mal executados”.
Para isso, o Executivo não mantinha registro exato dos locais ou número de buracos tapados ou de suas dimensões, impossibilitando qualquer fiscalização efetiva sobre a o que era feito.
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