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Réu em MS por matar cunhada em aborto acusa mãe e irmã da vítima de participação no crime, diz advogado

O advogado José Roberto Rodrigues da Rosa convocou coletiva nesta segunda-feira (11), no bairro Monte Líbano, em Campo Grande, para apontar uma possível reviravolta no caso Marielly, em que o cliente dele, Hugleice da Silva, é apontado como responsável pelo aborto e ocultação do cadáver.

Na sexta-feira (8), ele manteve contato com a família do réu e novas informações vieram à tona, no qual Hugleice acusa mãe a irmã da vítima de participarem do crime.

“Quando a família do Hugleice se desagregou, coisas ocultas vieram à tona.

Eu tive estas informações na última sexta e provavelmente o meu cliente vai dizer sobre outras participações no aborto, algo que inclui a mãe e a irmã da Marielly.

Ele disse que não vai mais esconder nada do que foi feito, do que aconteceu na época, quando ele protegeu a família”, afirmou ao G1 o advogado.

Sobre as acusações, a reportagem conversou com a mãe da vítima, Eliana Barbosa da Silva. “A gente nega qualquer envolvimento. Ele quer prejudicar a minha filha [Mayara Barbosa] e a nossa família. A intenção, com certeza, é se livrar do crime que ele cometeu”, argumentou.

Sobre o crime recente envolvendo Hugleice, de tentativa de feminicídio contra Mayara, o advogado também comenta as alegações finais do processo. “Nós estávamos aguardando a decisão de Sidrolândia desde 2017, quando surgiu o outro fato envolvendo o Hugleice, em dezembro do ano passado.

Meu cliente já tinha encontrado uma troca de mensagens entre a esposa e um vizinho. Na segunda vez, quando acordou mais cedo para olhar o celular dela, inclusive achou fotos nuas dela e também dele. Em seguida, houve uma discussão e ele feriu a ex”, explicou Rosa.

Na ocasião, a vítima levou mais de 40 pontos no pescoço. “A delegada pediu a prisão preventiva dele no Mato Grosso e ele veio para Mato Grosso do Sul, entrando em contato comigo.

Ele estava com a família em Ponta Porã, a caminho de Campo Grande, quando foi preso em uma barreira em Dourados”, afirmou o advogado.

Decisão judicial

Já na semana anterior, o juiz de Sidrolândia (MS), Fernando Moreira Freitas da Silva, decidiu mandar a júri popular Hugleice da Silva, cunhado da vítima Marielly e o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes por provocarem aborto e ocultarem o corpo da jovem em maio de 2011. A reportagem tenta contato com a defesa do enfermeiro Jodimar.

Jodimar Ximenes Gomes, suspeito de envolvimento na morte de Marielly Barbosa Rodrigues — Foto: Tatiane Queiroz/G1 MSJodimar Ximenes Gomes, suspeito de envolvimento na morte de Marielly Barbosa Rodrigues — Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS

Jodimar Ximenes Gomes, suspeito de envolvimento na morte de Marielly Barbosa Rodrigues — Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS

Entenda o caso

A jovem tinha 19 anos na época dos fatos. Segundo a denúncia, ela desapareceu quando foi levada de Campo Grande até Sidrolândia – município a 70 km da capital de Mato Grosso do Sul – pelo cunhado para realizar o aborto. Os dois tinham um relacionamento sexual e não queriam a criança.

Hugleice teria contratado os serviços do enfermeiro Jodimar por R$ 500. No dia 21 de maio, a jovem morreu após o aborto malsucedido. Os dois acusados levaram o corpo da vítima até a estrada vicinal a 4,2 km da rodovia MS-162, na caminhonete do cunhado da vítima. Ele confessou o crime, na época, e foi preso.

Ao todo, foram ouvidas 12 testemunhas, além de duas que o Ministério Público e a defesa de Hugleice desistiram. Para o magistrado, os fatos ficaram comprovados por meio do boletim de ocorrência noticiado o desaparecimento da vítima, teste de gravidez positivo, boletim de ocorrência noticiado a localização do corpo em Sidrolândia, laudo de perícia necropapiloscópica de identificação de cadáver, laudo necroscópico, auto de exibição e apreensão na casa de Jodimar, laudo de perícia papiloscópica, pesquisa de sangue humano no local onde o corpo foi encontrado, auto de reconhecimento fotográfico realizado por Luzimara, termo de acareação realizada entre Jodimar e Hugleice, auto de reconhecimento realizado por Hugleice e Luziamar, reconhecimento Jodimar, boletim de ocorrência de ameaça registrado pela testemunha Luzimara contra Jodimar, exame físico e descritivo farmacológica dos remédios e utensílios encontrados na residência de Jodimar, auto de apreensão das caminhonetes da empresa de Hugleice, quebra de sigilo telefônico, laudo de pesquisa de sangue humano nas macas encontrado na residência de Jodimar.

A principal testemunha, Luzimara Medeiros do Amaral, foi ouvida quatro vezes, sendo três durante as investigações policiais e uma em juízo. As primeiras versões ela disse que viu Marielly chegar com Hugleice na casa de Jocimar, e que teria visto a jovem nua sobre a maca. Mas diante do juiz ela disse que não se recordava dos fatos e que havia sido pressionada a prestar os depoimentos anteriores.

Na decisão, o juiz pronunciou os dois acusados pelos crimes de provocar aborto com o consentimento da gestante – que prevê pena de reclusão, de um a quatro anos – com a qualificadora de lesão corporal de natureza grave que acaba em morte, aumentando a pena em um terço. Além disso, incluiu o crime de ocultação de cadáver que define a punição de reclusão de um a três anos e multa.

Hugleice da Silva teria esfaqueado a mulher dele, Mayara Bianca Barbosa Rodrigues, em Rondonópolis — Foto: Facebook/ReproduçãoHugleice da Silva teria esfaqueado a mulher dele, Mayara Bianca Barbosa Rodrigues, em Rondonópolis — Foto: Facebook/Reprodução

Hugleice da Silva teria esfaqueado a mulher dele, Mayara Bianca Barbosa Rodrigues, em Rondonópolis — Foto: Facebook/Reprodução

Prisão

Hugleice está preso desde novembro de 2018, em Rondonópolis (MT) por tentativa de homicídio contra a irmã de Marielly, com quem é casado desde 2005. Ele deu um golpe de faca no pescoço da mulher. Mesmo assim, o juiz decretou a prisão preventiva contra o acusado.

Por outro lado, Jodimar vai responder em liberdade por ter cumprido todas as medidas cautelares impostas.

Por Graziela Rezende, G1 MS