Os 44 senadores, que suspenderam o afastamento determinado pelo Supremo Tribunal Federal e devolveram a tranquilidade do Senado ao senador Aécio Neves (PSDB), não são os únicos a ignorar as evidências e denúncias de corrupção. Pesquisa do Ipems, divulgada nesta quarta-feira pelo Correio do Estado, revela que mais da metade dos moradores de Campo Grande seguem o exemplo.
Conforme a pesquisa, 53,23% dos eleitores da Capital estão dispostos a colocar o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB) no Senado Federal. Acuado por investigações e réu em várias ações por suposta praticada nos oito anos como prefeito, ele aposta nas eleições de 2018 para voltar a ter paz.
O levantamento mostra que o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, que negocia a filiação no PDT, na dianteira, com 55,44% em Campo Grande. Ele vem subindo desde julho, quando estava com 37,48%.
O magistrado deve disputar o Governo do Estado. Cinco dias após a aposentadoria, ele surge na liderança, com 36,67%, na frente do ex-governador André Puccinelli (PMDB), com 33,34%, e do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que está com 14,82%, apesar de ter torrado R$ 165, milhões em propaganda desde que assumiu o cargo.
Os adversários apostam que Odilon não terá estrutura nem recurso para bancar a campanha a governador. Neste cenário, ele disputaria o Senado, que terá duas vagas em disputa e seria mais tranquilo.
Caso se confirme o sonho dos inimigos do magistrado, dele disputar o Senado, Nelsinho ficaria com a segunda vaga. O ex-prefeito vem subindo, passando de 46,75%, em julho, para 53,23% neste mês.
A eleição de senador é a última esperança de Trad, que busca no apoio popular a “absolvição”. Só a Força-Tarefa do MPE (Ministério Público Estadual) já protocolou oito ações por improbidade administrativa por suposta fraude na operação tapa-buracos contra Nelsinho. Os promotores pedem o bloqueio de R$ 1,6 bilhão e já conseguiram liminar de indisponibilidade em três ações, que totalizam mais de R$ 100 milhões.
Ele ainda é alvo da ação civil e penal na Operação Coffee Break, por suposto golpe para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP). Só na Justiça federal, são quatro ações por improbidade administrativa, que vão de desvio na compra de merenda até no famoso escândalo do Gisa.
O terceiro colocado é o ex-governador e deputado federal Zeca do PT, que saltou de 17,2%, em julho e setembro, para 28,2% neste mês.
O petista também sonha com o Supremo para ficar livre do desconforto de responder a ações por corrupção. Só na farra da publicidade, como ficou conhecido o escândalo do suposto desvio de R$ 130 milhões, ele está com 10 ações no STF, o órgão que não manda mais que o Senado Federal.
Zeca ainda é citado nas delações da JBS, por ser o pioneiro na implantação do esquema de propina em troca de incentivos fiscais e de ter recebido R$ 3 milhões, e da Odebrecht, por supostamente cobrar propina de R$ 400 mil para a campanha de Delcídio do Amaral em 2006.
O quarto colocado é o senador Waldemir Moka (PMDB), com 18,09%, que se uniu ao esforço concentrado para livrar Aécio de responder pelos crimes de corrupção, obstrução da justiça e até de ser gravado defendendo matar uma pessoa para evitar a delação.
Moka não responde a denúncia de corrupção, mas luta para manter no poder o presidente Michel Temer (PMDB), aprovado por míseros 3% dos brasileiros e acusado de corrupção passiva, obstrução da Justiça e chefiar organização criminosa.
O quinto é o presidente da Cassems, o médico Ricardo Ayache (PSB), com 7,53%.
O sexto é Pedro Chaves (PSC), o senador sem voto, com 4,47%. Ele caiu um pouco depois que mudou de lado para defender Aécio Neves, de 5,68% para 4,47%.
A pesquisa é reveladora para mostrar quem elege os políticos e mantém a impunidade. O Senado se tornou refúgio de gente como Aécio Neves, que enfrenta nove inquéritos por corrupção só na Lava Jato e foi gravado cobrando R$ 2 milhões em propinas (tem imagens da mala de dinheiro), graças ao povo brasileiro.
Como se vê, temos muita semelhança com os nordestinos. Em Alagoas, o senador Renan Calheiros (PMDB) é o líder das pesquisas para voltar ao Senado em 2018.
O eleitor, às vezes, é igual aquele pai que pede bons costumes ao filho, mas bebe, fuma e não sai da malandragem.
Os números do IPEMS/Correio do Estado
Odilon de Oliveira – sem partido – 55,44%
Nelsinho Trad (PTB) – 53,23%
Zeca do PT – 28,2%
Moka (PMDB) – 18,09%
Ayache (PSB) – 7,53%
Pedro Chaves (PSC) – 4,47%